sábado, 11 de abril de 2015

A pesar de todas as adversidades, o Brasil, começa a pensar o Brasil.

Esta afirmação parece um tanto incoerente, mas vamos aos fatos, recolhi alguns trechos para dar pé a quantas andam a criação com acento identitário e uma linguagem mais brasileira.
Uma cultura extremamente rica e diversa, pode influenciar em todos os campos da produção e isso vem acontecendo, em vários setores na Moda, no Design e Gastronomia, pensar o Brasil, e antes de tudo tentar compreender um pouco a essência da nossa gente. 


Cansado do discurso acadêmico de sua época, que ignorava a situação brasileira e privilegiava o ponto de vista europeu, o antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997) propôs uma abordagem transformadora do país, que saísse da academia e repercutisse na realidade. Para isso, quis entender a formação do povo brasileiro e a evolução da sociedade nacional. Dedicou-se por dez anos ao SPI (Serviço de Proteção ao Índio, atual Funai), onde estudou os indígenas do Pantanal, do Brasil Central e da Amazônia. Em 1979, recebeu o título de doutor honoris causa pela Sorbonne.

Darcy, faz uma abordagem  sobre o Brasil que defende a miscigenação como fator preponderante da diversidade social e cultural que caracterizam nosso país, enquanto possuidor de uma idiossincrasia única e complexa, que nos diferencia de qualquer sociedade desse planeta (ABIB, p. 3). Deste modo, nessa confluênciaque se dá sobre a regência dos portugueses, matrizes raciais díspares, tradições culturais distintas e formações sociais defasadas se enfrentam e se fundem para dar lugar a um povo novo .

Embora a percepção da identidade de um país se dê pelo conjunto de atitudes e manifestações, cada detalhe assume um importante papel na caracterização da identidade. 

 Nas palavras do curador da Bienal Brasileira de designer Freddy Van Camp, sobre o ponto de vista mercadológico, o Brasil tem excelentes profissionais, do ponto de vista de fomento, infelizmente ainda é um pouco limitado.


Inspiração no Cangaço Irmãos Campana
Quais são os elementos fundamentais da tão decantada brasilidade? Uma investigação superficial o brasileiro sugere um generoso uso das cores, atributo que nossa percepção associa com a privilegiada localização entre trópicos e natureza exuberante. No entanto, estranhamente, ao escolher um carro o brasileiro opta, majoritariamente, por preto ou prata, apesar das temperaturas inclementes dos trópicos.
Mesmo com a imensa paleta de cores oferecida em produtos de decoração de interiores, os campeões são os “quase brancos”, os ”quase bege” e cinza. Ser chique é usar o pretinho básico. Arquitetos, designers e publicitários só concordam no uniforme que os distingue a distância: preto esporte.

É espantoso ver países distantes como Islândia e Nova Zelândia, cuja arquitetura é pontuada por cores primárias e luminosas e, no caso de Reikjavik, contra um ambiente hostil e uma paisagem lunar.

Nossa herança africana nos deixou cores vibrantes que foram incorporadas e até estigmatizada pelas manifestações do tipo bumba-meu-boi e o carnaval.


A sedução da tecnologia e a supervalorização da cultura da juventude pelos meios de comunicação tendem a excluir valores e símbolos regionais do conteúdo expresso pelos novos designers.

Essa viagem introspectiva que o exercício da busca das origens exige provoca enorme desconforto na maioria dos alunos, confrontados que são com a representação de suas próprias identidades.


Ora pois, uma língua bem brasileira 

Análise de textos antigos e de entrevistas expõe as marcas próprias do idioma no país, o alcance do R caipira e os lugares que preservam modos antigos de falar 

Leia também 

http://revistapesquisa.fapesp.br/2015/04/08/ora-pois-uma-lingua-bem-brasileira/

Identidade na gastronomia 
A alimentação se presta bem para este questionamento, já que ela tem efeito duradouro sobre a construção da identidade e, conforme pesquisas mais recentes, pode perfeitamente ser equiparada ao importante fator língua. Assim sendo, a ingestão diária de alimentos determina tanto a identidade individual, como também as identidades grupais. 
              
Chef Onildo Rocha
O surgimento das cozinhas nacionais deve, com isso, ser entendido como parte do processo de formação da identidade nacional. 
Este processo é, contudo, uma construção cultural de inspiração política, já que com a proclamação de uma cozinha tipicamente regional na maioria das vezes, apenas alguns alimentos são colocados no contexto nacional.

Esta situação tem modificado há alguns anos, muitos chefs tem se dedicado a mostrar a nossa diversidade criativa e cultural,  reforçando valores e identidades locais, onde sobre esse complexo têm efeito os aspectos da avaliação humano-sensorial no âmbito do sabor e da simbologia, determinantes espaciais e climáticas, socioculturais, psico-antropológicas, religiosas, econômicas e políticas cominfluências reciprocas. Este estudo não pode oferecer ainda um quadro absolutamente completo de toda alimentação, bem como de todas as especialidades regionais no Brasil, que por sorte tem tido exitosos, nacional e internacionalmente.

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