terça-feira, 26 de maio de 2015

Estudo inglês aponta que pais subestimam peso dos filhos

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 15% das crianças brasileiras, com idade entre 5 e 9 anos estão obesas. 

Uma em cada três não chegou ao nível da obesidade, mas estão com peso acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde.
Parte essencial do problema, no entanto, está em casa: pais de crianças obesas não estão sendo capazes de reconhecer que seu filho ou filha está acima do peso, a menos que eles estejam em níveis muito extremos. É o que mostra uma pesquisa liderada pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e pelo Instituto de Saúde Infantil da Universidade de Londres (UCL), na Inglaterra, parceira de pesquisa do Hospital Great Ormond Street.

O trabalho, que foi publicado no British Journal of General Practice, apontou que os pais são mais propensos a subestimar o peso de seus filhos se eles são negros ou do sul da Ásia, de origens mais carentes ou se a criança é do sexo masculino.
A identificação de lacunas entre as percepções dos pais e as diretrizes oficiais, e as variações observadas em diferentes demografias da população, podem ajudar profissionais da saúde e governos a avaliarem que a eficácia de intervenções de saúde pública para a obesidade em crianças deve ser diferente em alguns grupos da população.

No Reino Unido, onde o estudo foi desenvolvido, a obesidade infantil tem aumentado nas últimas décadas. Uma vez que crianças obesas estão em maior risco de mortalidade prematura e de doenças na idade adulta, as intervenções para combater o problema têm sido colocadas em prática pelo governo. Mas pesquisas sugerem que muitos pais não conseguem identificar quando seu filho está acima do peso, levando a perguntas sobre a eficácia das intervenções atuais de saúde pública que visam a combater a obesidade em casa.

A equipe de pesquisa inglesa começou a observar mais a dimensão desse problema e a identificar fatores socioeconômicos que possam prever a sub ou superestimação parental de peso de seus filhos. As respostas ao questionário foram coletadas de pais de um total de 2.976 crianças em cinco regiões da Inglaterra que participam do Programa de Medição Infantil Nacional (NCMP, na sigla em inglês).
Se os pais não são capazes de classificar com precisão o peso de seu próprio filho, eles podem não estar dispostos ou motivados a realizar as alterações no ambiente da criança que promovem a manutenção do peso saudável — disse o autor principal do estudo, Sanjay Kinra, professor de Epidemiologia Clínica da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.

Os pesquisadores descobriram que 31% dos pais (915) subestimaram onde o Índice de Massa Corporal (IMC) de seu filho estava nas escalas de obesidade do governo — que classificam crianças como muito acima do peso (ou obesos), com excesso de peso, com peso saudável, ou abaixo do peso. Destacando essa discrepância, eles descobriram que apenas quatro pais descreveram seus filhos como estando muito acima do peso, apesar de 369 crianças estarem oficialmente identificadas nessa faixa segundo a escala de IMC. De acordo com as orientações oficiais, as crianças são classificadas como acima do peso no 85º percentil e muito acima do peso (ou obesas) no 95º percentil. A equipe estimou que, para uma criança com um IMC no 98º percentil, havia uma chance de 80% de que o pai iria classificar seu filho como tendo um peso saudável. Os pais só se tornavam-se mais propensos a classificar a criança com sobrepeso quando ela tinha um IMC quase no limite extremo, acima do 99.7º percentil.
Medidas que diminuam a diferença entre as percepções dos pais sobre o peso da criança e as escalas de obesidade usadas utilizadas por médicos agora podem ser necessárias para ajudar os pais a compreender melhor os riscos de saúde associados ao excesso de peso e a aumentar o entendimento de estilos de vida mais saudáveis — colocou o co-autor Russell Viner, professor pediatra no Instituto de Saúde Infantil da UCL.


Fonte O Globo

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