Ícone da gastronomia francesa, o foie gras é elaborado com o fígado gordo de pato ou de ganso por meio do método conhecido como gavage - em que as aves são submetidas a uma alimentação forçada. Apesar de tradicional, a prática é considerada cruel.
O projeto de lei havia sido aprovado em primeira votação em 2013. Agora, segue para sanção do prefeito Fernando Haddad (PT).
O autor da proposta é o vereador Laércio Benko (PHS),.
Pelo texto do projeto, aprovado em primeira votação, fica proibida na capital a produção e comercialização de foie gras, in natura ou enlatado, e a comercialização de artigos de vestuário oriundos de pele de animais, em estabelecimentos comerciais.
Em caso de descumprimento, o comerciante poderá ser multado em R$ 5.000,00. Em caso de reincidência, o valor dobra. O projeto para vigorar depende de aprovação em segunda votação pela Câmara e, depois, da sanção do Prefeito Fernando Haddad.
Benko apresentou o projeto logo após se envolver em outra polêmica. Umbandista, o vereador defendeu no plenário do Legislativo, no dia 7 de agosto, o uso de animais em rituais do candomblé. Ele criticou a proposta do deputado estadual Feliciano Filho (PEN), apresentada na Assembleia Legislativa no ano passado, que proíbe o sacrifício de animais em todo o Estado.
No Egito, na época que os hebreus eram os escravos, existia o costume de colocar os gansos para guardar as casas, assim como os cachorros, hoje. Estes já eram domésticos, não migravam no inverno e acabavam se empanturrando pra aguentar os dias frios. Eventualmente, algum exagerava e morria, e assim servia de comida para seus donos que ao cortarem o bicho, notaram que o fígado estava do tamanho do pulmão de cor amarelada e textura cremosa. Logo o sabor adocicado se espalhou pelo império
chegando à boca do Faraó. O processo natural de morte do animal, não correspondia a demanda da realeza, então criou-se o gavagem (o intochamente na guela do pobre animal).
A culpa
O foie gras que você encontar no mercado é um fígado que não cumpriu mais com as suas funções fisiológicas, estragou e matou seu portador, provavelmente concebido pelo processo de gavagem. Este pedaço de entranha amarelado é simplesmente delicioso. Sua textura é aveludada e macia, como um queijo cremoso. Tem um gosto doce com notas de amagor, vai bem temperado, desde sal, pimenta à grãos de mostarda e damasco.
A redenção
O Chef nova iorquino Dan Barber apresentou a palestra “Foie gras, parable” em umTED falando sobre um fazendeiro que cria gansos, na Espanha. Ele alega que seus animais são criados livres por toda propriedade, atrai espécies selvagens para o lugar e se empanturram sozinhos com toda a variedade de frutas, ervas e pimentas. Estes morrem como os antigos. Não passa pelo método cruel. Tudo acontece na-tu-ral-mente
Ou não
O mercado é restrito, a especiaria é cara e o público cada vez mais politicamente correto. Esta soma torna o número de mortes reduzido, mas os poucos que sobram pagam com dor. Da primeira vez que escrevi sobre isso estava bem convicta sobre a bestialidade desnecessária com o bichinho. É… ainda não tinha provado. DEUS, COMO É GOSTOSO. Pensando nos felizes suicidas espanhóis, ainda assim as opiniões se dividem. Como chef: é necessário saber o sabor e apresentar segurança e criatividade no preparo. Como ambientalista: Um animal não pode sofrer tanto por um capricho, pouco nutritivo e que é simplesmente ostentação. Como eu mesma: é um luxo, assim como um colar de pérolas, que eu também quero, e antes de me culpar tanto só por uma espécie de animal, pensar nos abatedouros, nada confortáveis de boi, cabras e porcos.
Texto: Allan Cole
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