CUIEIRAS DO BAIXO AMAZONAS: Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural se reúne para discutir o registro de mais um bem cultural paraense.
O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural,
se reuniu na quinta-feira passada, 11 de junho, em Brasília, aprovou o pedido
de registro do modo de fazer cuias do Baixo Amazonas, no Pará.
O 79º
encontro que acontece durante o dia na sede do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Brasília, avaliou o dossiê
sobre a prática artesanal de fazer cuias, desenvolvida entre comunidades
indígenas da região há mais de dois séculos, sendo atualmente um ofício
praticado por mulheres de comunidades ribeirinhas do Baixo Amazonas.
O pedido de registro, apresentado pelo Centro
Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP/Iphan) em novembro de
2010, ressalta as técnicas e o conhecimento utilizados na região para
confeccionar este objeto que agregou novos elementos e significados ao
longo dos tempos. Os saberes relacionados à produção e utilização de
cuias fazem parte das complexas dinâmicas de colonização e ocupação do
espaço amazônico, e estão diretamente relacionados ao aproveitamento de
recursos naturais disponíveis no Baixo Amazonas.
Para as populações ribeirinhas locais, as cuias
fazem parte do universo cotidiano da comunidade, auxiliando atividades
como pegar água do rio, tomar banho, cozinhar, consumir líquidos e
outros alimentos, tirar água da canoa, decorar as paredes das casas,
vasos de plantas, etc. O repertório de produtos confeccionados com
frutos diversos foi ampliado com a aplicação das técnicas de produção da
cuia. São fruteiras, copos, jarras, vasos, travessas, braceletes,
farinheiras, cache pots, petisqueiras, entre outros. As cuias pintadas,
diferente das produzidas com incisões, foram introduzidas no repertório
estético das artesãs no século XX, padrão incorporado atualmente em
grande parte da ornamentação considerada tradicional.
O Conselho Consultivo analisou a expressão
cultural de longa continuidade histórica, mas que se encontra em
constante processo de reelaboração, sendo uma tradição que se reitera e
se atualiza, tendo relevância nacional na medida em que diz
respeito à
memória, à identidade e à formação da sociedade brasileira.
O Modo de fazer
A preparação das cuias e sua elaboração estética demandam cuidadoso trabalho por parte das artesãs, que dispõem de suas habilidosas mãos para compor as peças. Através da força e sutileza de seus gestos, as mulheres servem-se de seus corpos para produzir objetos cujas técnicas e saberes vêm sendo transmitidas de geração a geração.
A preparação das cuias e sua elaboração estética demandam cuidadoso trabalho por parte das artesãs, que dispõem de suas habilidosas mãos para compor as peças. Através da força e sutileza de seus gestos, as mulheres servem-se de seus corpos para produzir objetos cujas técnicas e saberes vêm sendo transmitidas de geração a geração.
Inicialmente, os frutos retirados da árvore
popularmente chamada de cuieira são partidos ao meio com facão ou
serrote para secar. As duas metades são acondicionadas para amolecer na
água, em bacias ou em pequenos cercados à beira do rio, quando então é
realizada uma primeira raspagem das superfícies internas e externas.
Após este processo, as cuias são expostas ao
sol, e inicia-se o processo de tingimento com cumatê, pigmento natural
extraído do axuazeiro ou cumatezeiro. A água tingida é passada em ambos
os lados das cuias secas, e as peças permanecem sobre um jirau para
secar. São alocadas então em um estrado denominado cama ou puçanga, que é
preparado com uma camada de areia e cinzas, em local coberto. Nessa
camada é borrifada urina humana (para extração da amônia) colhida
durante a noite anterior a esta preparação, em cuias grandes denominadas
coiós.
Assim, é colocada uma cobertura de palha sobre a
camada molhada com a urina, onde as cuias são emborcadas e abafadas com
pano ou lona, permanecendo assim por cerca de seis horas. O
procedimento é repetido com as cuias desemborcadas, quando se passa ao
processo de ornamentação.
O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
O Conselho que avalia os processos de tombamento e Registro é formado por especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo, são 23 conselheiros, que representam o Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - Icomos, a Sociedade de Arqueologia Brasileira – SAB, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus – Ibram, a Associação Brasileira de Antropologia – ABA, e mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do Iphan.
O Conselho que avalia os processos de tombamento e Registro é formado por especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo, são 23 conselheiros, que representam o Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - Icomos, a Sociedade de Arqueologia Brasileira – SAB, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus – Ibram, a Associação Brasileira de Antropologia – ABA, e mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do Iphan.
Nesta 79ª reunião, os conselheiros também vão
analisar o pedido de tombamento de seis jardins do paisagista Burle
Marx, criados na década de 30 em Recife (PE), bem como o de retombamento
do Campo de Santana, no Rio de Janeiro.
Confira o vídeo do Dossié.
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