Do Olimpo já se ouvia falar da Ambrosia, um doce divinal, segundo a mitologia grega.
Era tão poderoso que se um mortal, a quem era vedado, a
comesse, ganharia a imortalidade.
Conta a história, que quando os deuses o ofereciam a algum humano, este, ao experimentá-lo, sentia uma sensação de extrema felicidade. O nome Ambrósio, que vem da mesma raiz, significa divino e imortal.
A ambrosia é uma sobremesa tradicional portuguesa. É também o mais antigo doce de Minas Gerais e igualmente muito popular no Rio Grande do Sul. Iguaria muito apreciada, é feita à base de ovos batidos cozidos em leite adocicado e perfumado com baunilha.
É considerado doce de colher ou doce de compoteira. A sua origem é discutível, sendo citado como sendo tanto de Portugal quanto da Espanha, devido a cultura do leite e a grande utilização dos ovos na gastronomia lusa.
Pra variar a origem do doce de leite também é incerta, mas está ligada à rápida expansão na produção de sacarose de cana-de-açúcar nas ilhas ibéricas atlânticas, no século XV, e no Brasil, América Central e Antilhas a partir do século XVI e à possibilidade de seu uso para preservação do leite.
Como primeiro edulcorante de produção em grande escala, o açúcar da cana passa a ser usado na conservação de vários produtos orgânicos, inclusive o leite de vaca ou de cabra, dando origem a produtos similares ao doce de leite atual, pastoso ou sólido, em toda a América Latina e em determinadas localidades ibéricas.
Uma versão patriótica argentina afirma que ele teria sido inventado por Juan Manuel de Rosas, um político argentino do século XIX. Ele estaria preparando um pouco de leite quente numa tarde de inverno, quando alguém bateu à porta. Ele esqueceu a panela no fogo, dando origem ao doce de leite.
Em todos os países da América Latina, encontram-se variedades de doce de leite, com nomes diversos. Em países em que se fala espanhol, dulce de leche é o nome mais comum, mas também é conhecido como manjar blanco no Chile, Peru, Equador, Colômbia e Panamá - e, nesse último, também como bién-me-sabe; cajeta no México e na América Central; jamoncillo no México; arequipe na Colômbia; leche de burra em El Salvador e na Nicarágua.
Cajeta (caixinha) designava a embalagem, enquanto que manjar blanco (manjar branco) era o nome de um doce que, apreciado pelas elites européias no período medieval, preparava-se a partir de leite de amêndoas e peito de frango.
Quer seja pastoso, sólido, mole (manipulado ou em formas) ou duro (cortado em tabletes), a receita básica dos doces de leite é sempre a mesma: o leite é fervido com açúcar até que fique espesso e caramelizado.
As proporções variam entre 100 gramas e um quilo de açúcar por litro de leite; o tempo de fervura, entre meia hora e cinco horas, resultando em consistências diferentes e cores que variam entre o bege claro e o marrom escuro.
Geralmente, o doce de leite é feito com leite de vaca ou, em algumas regiões do México e da Venezuela, com leite de cabra. Às vezes, adicionam-se sabores (álcool, limão, cacau, canela ou baunilha), frutas, frutas secas, coco, amêndoas, amendoim ou nozes. São embalados em potes, folhas, celofane ou em cuias.
Nos lugares em que existem vários tipos de doces de leite, eles são comumente diferenciados pela consistência.
No México, a cajeta é pastosa, como o doce de leite brasileiro, sendo vendida em potes de vidro ou caixinhas de madeira; já os dulces de leche e os jamoncillos são mais consistentes, feitos em vários formatos, às vezes adornados com uma noz. Na Costa Rica, o dulce de leche é pastoso e a cajeta é sólida. Em El Salvador, o dulce de leche é duro e apresentado em tabletes; a leche de burra é mais parecida com balas, envoltos em celofane. Na Colômbia, o manjar blanco, vendido em cuias, é mais espesso do que o arequipe, vendido em potes. Cada região - e cada pessoa - tem sua receita, seus conhecimentos e seus segredos de fabricação.
Por terem a mesma receita básica, todos esses doces têm a mesma origem. A técnica de condensar um produto (leite ou fruta) com açúcar foi trazida à América pelos portugueses e espanhóis, que também são responsáveis pela introdução da cana-de-açúcar no continente. Na Península Ibérica, essa planta e suas técnicas de transformação haviam sido trazidas da Índia, pelos árabes.
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