Cortados do Sertão, Maxixe e Maxixada
A cultura e culinária do Agreste e do Sertão, para alguns desavisados pode ser um exemplo árido de penúria e
fraqueza, mas como lembrou bem o nosso Euclides da Cunha, "O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos* do litoral."
Euclides foi além e condenou, há mais de cem anos, as queimadas e os desmatamentos. Utilizou o seu linguajar erudito, algumas vezes até incompreensível, para defender a Amazônia e os seus rios caudalosos. Tornou-se um ecologista indignado, como ao dissertar sobre as cidades mortas do interior paulista, após o auge da cultura do café.
O Maxixe, é mais uma contribuição da cultura Africana, trazida ao Brasil, adaptou-se maravilhosamente ao semi-árido onde nasce espontaneamente: basta cair umas gotinhas de chuva. Faz parte do cardápio de qualquer sertanejo, pois é fácil de colher, não precisa de nenhum trato ou cultivo e encontra-se como mato!
A farofa e carne seca, a Carne de sol, de bode, cabrito e charque; maxixe, os Cortados de Abobora, a mandioca, milho e a manteiga de garrafa são ingredientes fundamentais na panela – ou tacho – do sertanejo, sem esta grandeza, realmente a culinária da Bahia, não seria a mesma.
O Sertão, tem algo de direto, de honesto em sua complexidade, como não poderia ser diferente, sua cozinha reflete este principio, podemos vera simplicidade dos espaços dedicados à preparações dos alimentos, no belo livro da Iêda Marques, com edição da Solisluna,
Lembranceiras, Imaginario e Realidade, espaços vividos e de vivencias, que sem recorrer a firulas inventivas, guarda ricamente uma beleza original.
O maxixeiro é uma planta rasteira, da família das Cucurbitáceas, como as abóboras, o pepino, o melão.
É ótima para ser plantada em solo de clima quente ou para ser conduzida em cercas. Super produtiva, rústica, seus frutos com em média 5cms, tem casca verde, são ovalados e possuem espinhos moles, não pontiagudos, com sementes achatadas. De origem africana, o maxixe foi introduzido no Brasil pelos escravos, e já na época do Brasil colônia, era um ingrediente típico da culinária no Nordeste, onde é largamente consumido.
O maxixe (Cucumis anguria L.) é rico em zinco, mineral importante para o bom funcionamento de todos os tecidos do corpo e para o metabolismo do açúcar e de proteínas.
Também é fonte de cálcio, fósforo, ferro, sódio, magnésio, vitamina C, vitaminas do complexo B e betacaroteno (pró-vitamina A).
Por ser rico em zinco, auxilia no combate e na prevenção dos distúrbios da próstata; diminui o depósito do mau colesterol; elimina manchas brancas nas unhas e ajuda na cicatrização de ferimentos diversos. É muito útil nos casos de cálculo renal, hemorroidas, inflamação dos rins e vômito.
Como no cozimento quase todo o zinco se perde, é bom comer o maxixe cru, em salada e em suco (sugestões: maçã, cenoura e maxixe; maçã e maxixe; maçã, salsão e maxixe; laranja e maxixe).
O suco de maxixe é um santo remédio para quem tem diabetes. Faça o teste e comprove.
A receita e o tratamento são muito simples.
Raspe um maxixe e corte-o ao meio.
Adicione 1 copo d'água e bata tudo no liquidificador por cinco minutos. Coe e beba. Tome esse suco duas vezes por dia: em jejum e 30 minutos após o jantar.
O Maxixe ou tango brasileiro
Um tipo de dança de salão brasileira criada por afrodescendentes que esteve em moda entre o fim do século XIX e o início do século XX. Teve a sua origem no Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX, mais ou menos quando o tango também dava os seus primeiros passos na Argentina e no Uruguai, do qual sofreria algumas influências. Dançada a um ritmo rápido de 2/4, notam-se também influências do lundu, das polcas e das habaneras. Por isso mesmo, o maxixe é chamado por alguns de tango brasileiro. Alguns relatos afirmam também uma diferença com relação à harmonia, sendo a do tango brasileiro (como os de Ernesto Nazareth) um pouco mais complexa do que de seu "irmão", o maxixe.
Foi criado pelos chorões, conjuntos instrumentais de choro, fazendo uma variante altamente sincopada da habanera, gênero cubano que também era chamado tango-habanera (o primeiro uso da palavra "tango" é datado de 1823, em Havana,1 ) e que, na sua variante brasileira, passou a ser chamado "tango brasileiro". Até o advento do samba, o maxixe foi o gênero dançante mais importante do Rio de Janeiro.
Maxixada
Ingredientes
1 xícara (chá) de vinagre
1/3 xícara (chá) de óleo
1 colher (sopa) de coentro picado
1 colher (chá) de pimenta do reino moída
1 1/2 kg de charque cortado em tiras
1 1/2 kg de maxixe cortado em rodelas
1 1/2 litro de água
6 dentes de alho amassados
3 cebolas grandes picadas
1 pimentãovermelho picado
Sal a gosto
Coloque a carne em uma tigela funda com bastante água e deixe de molho por no mínimo 6 horas, trocando a água várias vezes.
Escorra a água e misture a carne com o vinagre, o coentro, a pimenta, o alho, a cebola, o pimentão e o sal.
Coloque em uma panela com o óleo e refogue por 10 minutos ou até a carne dourar bem.
Acrescente a água e tampe.
Cozinhe por 1 hora ou até a carne ficar macia.
Acrescente o maxixe, verifique o sal e cozinhe por mais 15 minutos ou até ele ficar macio, sem desmanchar.
Rendimento: 3 porções
Tempo de preparo: 20 minutos
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