Tipo de cará, que veio da África, está desaparecendo.
O nome é porque ele parece uma moela de frango.
O cará-moela é uma planta trepadeira originária da África, que foi trazida para o Brasil pelos escravos. Tem este nome por causa do formato: parece uma moela de frango. Também recebe o nome de cará-borboleta, cará-do-ar e cará-de-corda.
O cará-moela é uma planta rústica, pouco exigente, mas uma adubação sempre ajuda, especialmente quando se pensa em plantios comerciais: “É recomendado fazer duas adubações de cobertura, principalmente com matéria orgânica e complementação na parte de nitrogênio e potássio, podendo utilizar ou biofertilizante. A quantidade vai variar em função da análise de solo”, diz o agrônomo.
Geralmente, não é preciso irrigar, pois os plantios coincidem com o período chuvoso. Oito meses depois, o cará-moela já está grande e produzindo. Nuno recomenda que se faça o tutoramento da planta para que ele não produza em contato com o solo e não apodreça ou fique ao alcance de animais. Para isso, o agricultor pode utilizar cercas, pomares e árvores menos utilizadas comercialmente. A colheita deve ser feita no solo, depois que ele cair.
O cará-moela é uma boa fonte de nutrientes, como explica a agrônoma Neide Botrel, especialista em ciências dos alimentos da Embrapa-Hortaliças: “Ele têm 7% de proteína, ao passo que a batata tem 2%. Amido tem em torno de 75%, o que é muito interessante também para o consumo humano”, explica. Ele pode ser consumido cozido, para substituir o pão no café da manhã ou nas refeições juntos com carnes e sopas, sempre em substituição à batata.
Nuno Madeira preparou uma costela de boi cozida com cará-moela. “Tem que descascar um pouquinho mais profundo para tirar essa parte esverdeada. E um detalhe é que quando a gente termina de descascar, o recomendado é colocar direto na água, porque se a gente deixar fora da água ela vai oxidar muito rápido”, lembra o agrônomo.
A costela, temperada com sal, vai para a panela de pressão sem tampa junto com alho e cebola. Depois de 15 minutos, a carne já está dourada e é a hora de acrescentar o cará-moela, picado em pedaços, e a água até ficar um dedo acima da costela. Em seguida, vai para a pressão por 15 minutos. O ponto é quando os ossos se soltam da carne. Nuno serve com temperos, como cebolinha miudinha, e farinha a gosto.
O gosto lembra um pouquinho o inhame, lembra a batata na textura, mas tem o sabor de cará.
Não é muito fácil encontrar esse cará para começar um cultivo. Tem que fuçar em feiras e mercados regionais ou pedir para algum vizinho que cultive a planta na horta.
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