Tradição e modernidade se confundem quando falamos em gastronomia, não seria por menos com o bolinho mais famosos e querido do Brasil.
As transformações sofridas pelo acarajé desde quando ele foi citado por Luis dos Santos Vilhena, até os nossos dias.
Naquela época, o acarajé era um alimento popular destinado a “matar a fome” da população pobre e escrava que perambulava pelas ruas da cidade, mas com o passar do tempo ele ganhou status, e passou a fazer parte do cardápio de pessoas das mais variadas classes sociais, e até ganhou grife.
O trabalho ACARAJÉ : TRADIÇÃO E MODERNIDADE do pesquisador FLORISMAR MENEZES BORGES, revela as transformações sofridas pelo bolinho da culinária Afro-Baiana.
O grande consumo da iguaria incentivou o crescimento do mercado, que resultou no aumento do número de pessoas interessadas em vender o produto. Desse modo aumentou o número de vendedores tradicionais, assim como, a quantidade de bares, restaurantes, delicatessens e“points” interessados em comercializar a iguaria. Além desses surgiram também as empresas que disponibilizam a massa pronta, processada na hora ou até mesmo desidratada. Apesar de ter se tornado um produto de mercado o bolinho não perdeu sua identidade, e entre outros aspectos continua a ser reconhecido como um alimento votivo do orixá Iansã.
Eu era menino e já me impressionava o pregão da negra vendedora de acarajé.
Quanto mais distante me parecia um lamento. O pregão era em nagô, na língua geral dos negros e enchia-me os ouvidos os ouvidos de musica e de nostalgia; “o acarajé eco olalai oô” e continuava em português: “vem bezê-ê-em, tá quentinho” Não havia noite que eu não ouvisse.A negra era pontual com seu tabuleiro pela rua: dez horas ela passava.E, alem do pregão, ela, ao descansar o tabuleiro para vender acarajé apimentado e o abará, costumava dizer aquilo que, anos depois, eu tomaria como motivo para a letra da musica que fiz sobre esse motivo.
Era quase um resmungo(grognement):“Todo mundo gosta de acarajé mas o trabalho que dá pra fazê é que é” O lamento do
pregão eu deixei tal qual, palavra e musica. Em verdade, essa canção é muito mais daquela preta que vendia acarajé na minha rua do que mesmo minha...(CAYMMI apud LIMA, 1997,71)
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