Cento e quatorze toneladas de carne suína foram aniquilados na cidade russa de Samara, no Rio Volga.
O porco, que tinha sido importado usando documentos brasileiros, foi revelado para ter vindo da União Europeia. Mais de duas centenas de toneladas de outros alimentos seguiu-queijo em Orenburg, carne de porco em St. Petersburg, nectarinas e tomates na região de Leningrado.
Nada disto é uma piada. Tudo isso tem sido relatada no último par de semanas com o que passa para a mídia de renome na Rússia, isto é, as fontes que publicam notícias de que o Kremlin quer que as pessoas saibam. Foi o Kremlin que iniciou o abate de alimentos em primeiro lugar. Para começar, em julho, o Presidente 29 Vladimir Putin assinou um decreto ordenando a destruição de todos os produtos alimentares trazidos para a Rússia em violação das sanções que o país tem instituídas sobre as importações provenientes da União Europeia e vários outros países ocidentais, que têm-se submetido a Rússia a sanções econômicas .
Em mensagem no Twitter, o ex-primeiro ministro Mikhail Kasyanov, da oposição, comentou que mais de 20 milhões de russos estavam abaixo da linha de pobreza enquanto o presidente determinava a destruição de comida.
“É o triunfo do humanismo”, disse o padre da Igreja Ortodoxa Russa Mikhail Kasyanov, aliado do Kremlin, condenou as medidas.
“Minha avó sempre me disse que jogar comida fora é um pecado. A ideia é insana, estúpida e má”, disse o padre, ao site “Ortodoxia e o Mundo”, segundo a agência de notícias Reuters. Dmitry Peskov, porta-voz de Putin, afirmou que os alimentos estavam chegando ao país sem os certificados necessários, o que pode gerar riscos à saúde da população. E não deu sinais de mudanças.
“O primeiro objetivo é acabar com o contrabando. Depois, proteger os interesses econômicos da país. Em terceiro, e o mais importante, é garantir a saúde de nossos cidadãos”, disse. Em um momento de expansão da pobreza e de crise econômica, a Rússia destruiu mais de 300 toneladas de alimentos nesta quinta-feira. Tomates, pêssegos, carne de porco e queijo importado de países que lançaram sanções contra a Rússia por causa da Ucrânia foram destruídos por incineradores, no que vem sendo chamado de “crematório de comida”. A decisão do presidente russo Vladimir Putin de destruir importações ilegais provocou indignação no país, mesmo entre aliados do Kremlin, diante da alta da pobreza e aumento da inflação. Quase 300 mil pessoas assinaram um abaixo-assinado no site Change.org pedindo que o Putin revogue a medida e distribua os alimentos a pessoas que passam por dificuldade. A inflação de alimentos na Rússia já passou de 20% em um ano, afetando principalmente os mais pobres, quando a economia russa atravessa uma crise provocada pelos efeitos das sanções de países ocidentais e da queda do preço do petróleo, principal produto exportado pelo país.
O rublo já teve desvalorização de mais de 40% frente ao dólar e a inflação geral no país está em 15%. Segundo a agência de estatísticas Rosstat, o número de russos vivendo abaixo da linha da pobreza (US$ 160 por mês) saltou para 23 milhões de pessoas, ou 16% da população, ante 16 milhões de pessoas, ou 11% da população, no ano passado. Veja também Produção de petróleo da Rússia cai em julho Rússia volta a cortar juros para evitar recessão mais profunda Além disso, russos ainda têm vivo na memória a fome que o país enfrentou nos tempos da União Soviética, entre os anos 20 e 40, tanto em tempos de paz quanto na Segunda Guerra Mundial. Milhões de russos passaram fome no período.
Fonte:http://www.newyorker.com/news/news-desk/russia-haunted-by-starvation-burns-its-food
Nenhum comentário:
Postar um comentário