Da importância de manter as tradicionais receitas
A riqueza comum que nós herdamos como cidadãos, transmitida de geração em geração, constitui a soma dos bens culturais de um povo.
Regina Guerra e sua fiel escudeira Sirlene |
Permite conferir a um povo a sua orientação, pressupostos básicos para que se reconheça como comunidade, inspirando valores, estimulando o exercício da cidadania, a partir de um lugar social e da continuidade no tempo.
Como deixar de atender a um convite da minha amiga Regina Guerra, confrade dos bons tempos, ainda mais se for para comer um Escaldado de Peru, no pós-natal, foi assim que tudo começo...
Quando o tema é tradição á mesa, a Bahia tem muita historia, e como uma cultura tem importância, a partir do legado que pode deixar à posteridade, esta tem muito a nos ensinar. Na realidade o Escaldado" é um cozido onde junto as carcaças do finado Peru, são agregados carnes, verduras e legumes.
Pois esta dupla Regina Serra e Sirlene, encheram de alegria meu paladar, numa mesa farta e super colorida, refletido claramente o virtual intuito de cozinhar, unir pessoas para brindar a alegria de compartilhar o prazer de estar junto.
As carnes em seu ponto, e o que dizer do Pirão e do Molho Lambão? incrível.
Sou grato e juro não recusar nunquinha ao chamado da Regina, mas se você precisa de mais argumentos para se convencer, leia o texto abaixo do João Ubaldo Ribeiro:
Receita de escaldado de Peru, pelo próprio João:
Queridos amigos,
Espero que tenham todos passado uma bela noite de véspera de Natal e que hoje a ressaca esteja sendo leve. Dito isto, passo a tratar de um assunto delicado, qual seja o que fazer das inevitáveis sobras do peru de ontem.
E almoçar ou jantar em casa sem ter quase nenhum trabalho na cozinha.
Em minhas conversas cariocas, tenho notado que a solução que proporei é desconhecida de grande parte das pessoas, de forma que a passo para quem não a conhece, pois vale a pena e evita desperdício e insensatez.
Pode-se resumir minha sugestão no seguinte: façam um cozido de peru.
Na Bahia, isto se chama “escaldado” de peru e é o destino inevitável de maior parte das carcassas dos infortunados glugluzáceos consumidos na noite anterior.
Pense num cozido em que as carnes sejam as do peru, é só, é o básico.
.O peru resiste bem ao re-cozimento e é fácil, futucando com um garfão, ver quando a coisa já chegou ao ponto. Trata-se de iguaria leve e alegre, que vai fazer alguns de vocês reavaliar a baixa conta em que têm, por exemplo, o peito do peru, por insosso e seco demais. Fica uma delícia.
Quem gosta de cozido jamais deixará passar-se outro Natal sem que se faça um escaldado de peru. Ponham a inventividade a favor de idéia, que é fácil, quase não dá trabalho, quase nem suja nada na cozinha, a não ser uma faca e uma eventual colher de pau.
Fraternal e gastronomicamente vosso, João Ubaldo
#ComaCultura
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