Verbete-A Arroz de Viúva
Prato da culinária baiana, à base de arroz com sal e leite de coco.
Ao bagaço de coco do qual já tenha extraído o leite puro, junte a água morna onde pela segunda vez é espremido.
Nesse leite ralo cozinhe o arroz temperado apenas com sal.
Talvez este prato remeta a figura impoluta da viúva Portuguesa, sisuda e grave, em sua caracterização, mas manipuladora e sagaz na condução dos interesses da família.
O jornalista Câmara Cascudo, habilmente soube registrar com esta frese “com leite de coco, come-se areia”
a importância deste gênero na mesa brasileira!
Essa frase é certamente recolhida de nosso ideário popular colonial.
Trazido de Cabo Verde pelos portugueses, o leite do fruto chegou primeiro à Bahia e se espalhou por toda costa brasileira.
O Arroz Doce, feito com arroz branco, herança portuguesa, sobremesa tradicional permanente, hoje muito mais lá em Portugal do que aqui no nordeste.
O Coco “no final do século XVI já cobria toda a costa de Ilhéus à Pernambuco”, diversos historiadores e cientistas apontam o sudeste da Ásia como o local de origem do arroz.
Cascudo afirma que, apesar de não estar presente na ementa indígena, já existiam na América espécies autóctones, antes dos portugueses trazerem as sementes de Cabo Verde para a Bahia.
Possivelmente as primeiras sementes, em 1535, foram de Arroz Vermelho, uma vez que o arroz branco só chegou mais de 200 anos depois e tornou-se a preferência nacional. Permanecendo como cultura no Semi-árido, o arroz vermelho, por nós chamado Arroz da Terra.
Na Índia, uma das regiões de maior diversidade e onde ocorrem numerosas variedades endêmicas, as províncias de Bengala e Assam, bem como na Mianmar, têm sido referidas como centros de origem dessa espécie.
Bem antes de qualquer evidência histórica, o arroz foi, provavelmente, o principal alimento e a primeira planta cultivada na Ásia. As mais antigas referências ao arroz são encontradas na literatura chinesa, há cerca de 5.000 anos. Certas diferenças entre as formas de arroz cultivadas na Índia e sua classificação em grupos, de acordo com ciclo, exigência hídrica e valor nutritivo, foram mencionadas cerca de 1.000 a.C.
Alguns autores apontam o Brasil como o primeiro país a cultivar esse cereal no continente americano.
O arroz era o "milho d'água" (abati-uaupé) que os tupis, muito antes de conhecerem os portugueses, já colhiam nos alagados próximos ao litoral. Em 1587, lavouras arrozeiras já ocupavam terras na Bahia e, por volta de 1745, no Maranhão. Em 1766, a Coroa Portuguesa autorizou a instalação da primeira descascadora de arroz no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. A prática da orizicultura no Brasil, de forma organizada e racional, aconteceu em meados do século XVIII e daquela época até a metade do século XIX, o país foi um grande exportador de arroz.
Alguns historiadores afirmam que foram os Moçambicanos os primeiros a fazerem descobertas da utilização do Leite de Coco na culinária, da forma como seria mais tarde visto na cozinha baiana.
O frei João dos Santos, nascido em Évora, era frade da ordem dos Pregadores em seu livro Etiópia Oriental datado de 1609, anota esta perola:
"Do miolo do Coco fresco se tira o leite com que se cozem arroz, ralado com um ralo e bem lavado em duas ou três águas, e e espremido em duas mãos de modo que lhe façam lançar toda a umidade que tem(...)
E d’esta maneira fica o coco tão seco e miúdo como farelo de pau e , pelo contrario, a água em que foi lavado fica tao grossa que parece leite de vaca, muito alvo"
Nesta obra, o Frei usou como recurso às fontes textuais que foi conjugado com a descrição de memórias pessoais e com notícias cedidas por gentes dignas de fé. Mais do que apenas a experiência adquirida durante a sua passagem pelas terras de Sofala ou pela ilha de Moçambique, o dominicano divulgou testemunhos trazidos por informadores da sua confiança.
Culinária de Goa ou culinária indo-portuguesa são designações da culinária das regiões indianas de Goa, Damão e Diu, outrora pertencentes ao Estado Português da Índia. Com 5 séculos de existência e evolução, esta culinária apresenta a particularidade de fundir elementos da culinária de Portugal com elementos da culinária da Índia, constituindo uma culinária autônoma por direito próprio.
Para além das influências naturais das artes culinárias de Portugal e da Índia, Goa absorveu também produtos oriundos de outras partes do mundo de língua portuguesa, como, por exemplo, o quiabo, oriundo da África e muito usado em Angola .
Antes da chegada dos portugueses, não havia qualquer sopa em qualquer das regiões da Índia, pelo que esta constitui um bom exemplo da assimilação local dos hábitos culinários portugueses. Algumas das sopas goesas mais conhecidas são a chamada sopa de cabeça de peixe e a canja de Goa.
No campo dos vegetais, para além do quiabo, que é utilizado em algumas receitas de caril, a culinária de Goa faz também uso do repolho, do feijão-verde, da couve-flor, do espinafre e da beringela, entre outros, com a particularidade de muito frequentemente serem cozidos em leite de coco, dada a abundância de coqueiros do sudeste asiático.
ARROZ DE VIÚVA
Prato da culinária baiana, à base de arroz com sal e leite de coco.
Ao bagaço de coco do qual já tenha extraído o leite puro, junte a água morna onde pela segunda vez é espremido.
Nesse leite ralo cozinhe o arroz temperado apenas com sal.
A professora Hidergardes Vianna, faz alusão ao Arroz preparado com Coco, como Arroz de Viúva, em 1955. Hildegardes Vianna, no livro Bahia já foi assim... traz informações sobre a curiosa relação, às vezes esquecida, entre a comida e a morte presente na cozinha baiana.
Às portas da morte, dentre as pessoas que iam ajudar, estava uma cozinheira.
Hildegardes nos oferece uma lista que inclui bolos, doces e comidas à base de peixe e mariscos, respeitando o interdito de não se comer carne. Tratam-se de "comidas para enganar a boca", oferecidas durante a sentinela, como o bolachão, a paciência, a língua de sogra, cabeça de frade, o pão fatia, cuscuz, leite e café.
A relação entre comida e antepassados é algo que se repete em várias culturas. Nos dias atuais, ela persiste originada das visões de mundo das várias culturas que nos formaram. Assim, por onde quer que haja comida para os mortos, lá estão os vivos se regalando destas.
Segundo o antropólogo Vilson Caetano, existe toda uma relação entre comida e antepassados é algo que se repete em várias culturas.
Nos dias atuais, ela persiste originada das visões de mundo das várias culturas que nos formaram. Assim, por onde quer que haja comida para os mortos, lá estão os vivos se regalando destas.
A cozinha dedicada ao pós-morte.
de origem portuguesa se mostrava bastante flexível.
Ela não elencava os alimentos que poderiam ser preparados, restringia-se apenas a dizer: "Em casa que se tem defunto fresco não se come carne fresca".
Desta maneira, salvo a carne, que no período colonial era algo escasso em algumas regiões do país, sendo um dos gêneros alimentícios mais caros e dispendiosos - sobretudo em ocasiões onde acorria-se muita gente como os velórios - os vivos podiam contar com um cardápio que variava de acordo com o poder aquisitivo da família do morto.
O Dicionário Aurélio traz esta citação:
"Após o ofício, voltava a imagem em procissão para a nossa casa, onde era servida lauta mesa de doces, cuscuz, arroz doce, arroz-de-viúva, aipim com manteiga, bolos, queijos e café com leite." Itagipe, Hermano Requião.
A figura da Viúva na cultura também tem muito
importância.
A Índia foi invadida diversas vezes por mongóis, mulçumanos, portugueses, franceses e ingleses. Em diversas épocas, quando os homens morriam os invasores ficavam com as viúvas , o que feria a honra dos hindus. Baseado nas leis de Manu, quando as viúvas não tinham filhos maiores que as protegiam, elas praticavam a “Sati” que é entrar na pira mortuária do marido para não cair nas mãos dos inimigos. Mas essa prática está proibida por lei desde o século XIX, ainda na dominação inglesa.
A lei de Manu também diz que, mesmo depois de o marido morrer, a viúva ainda é parte dele e não deve se casar de novo.
Existem também na Índia os viuvários onde as viúvas que não tem como se sustentarem vivem em espécies de asilos custeados pelo governo. Somente de um tempo para cá as viúvas começar a se casar de novo, mas isso ainda é muito difícil, somente quando elas se enviúvam muito novas. As mais velhas preferem permanecer sem marido, cuidando da família e protegida por ela.
Hoje na Índia as viúvas exercem muito poder perante a família quando não se casam de novo. A presidente da Índia, Pratibha Patil, é uma viúva e a presidente do maior partido político indiano, o partido do congresso, Sonia Gandhi, é uma firanghi estrangeira e viúva do Rajiv Gandhi.
Mulheres fortes contribuirão com o mito da Viúva
A viúva negra conseguiu fama através da sua caraterística peculiar de devorar o parceiro depois de consumado o ato de acasalamento.
D. Catarina de Bragança, a rainha-viúva de Carlos II de Inglaterra.
Catarina foi uma Infanta de Portugal, depois
Princesa da Beira, e, posteriormente, rainha consorte de Inglaterra e Escócia por seu casamento com o rei Carlos II da casa de Stuart.
Filha do rei dom João IV de Portugal, da Casa de Bragança, e da sua consorte, a rainha D. Luísa de Gusmão. Depois da morte da irmã mais velha, D. Joana, Princesa da Beira, assumiu o título de Príncipe da Beira. Seus irmãos foram os monarcas D. Afonso VI e D. Pedro II de Portugal.
Catarina não foi uma rainha popular na Inglaterra por ser católica, o que a impediu de ser coroada. Sem posteridade, deixou pelo menos à Inglaterra a geleia de laranja, o hábito de beber chá, além de lá ter introduzido o uso dos talheres e do tabaco. A sua responsabilidade pela introdução do chá é disputada já que já no ano de 1657, Thomas Garraway o vendia na sua loja de café em Londres na Exchange Alley. Isto aconteceu num período em que a East India Company o estava a vender abaixo dos preços dos Holandeses e o anunciava como uma panaceia para a
apoplexia, catarro, cólica, tuberculose, tonturas, epilepsia, pedra, letargia, enxaquecas, parálise e vertigem. O hábito de beber chá já existiria, Catarina apenas o transformou na "instituição" que hoje conhecemos por "five o'clock tea".
Lenda Coreana da Viúva
A lenda “O Sol e a Lua” conta a história de uma viúva e seus dois filhos, uma menina e um menino, que viviam em uma montanha isolada.
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