terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Limão Galego e o Galeguinho

Provavelmente, o limão é a fruta mais conhecida e usada no mundo. São tantas suas aplicações na vida doméstica que fica difícil enumerá-las. Tudo nele é aproveitável. 

Com seu suco preparam-se refrigerantes, sorvetes, molhos e aperitivos, bem como remédios, xaropes e produtos de limpeza. 
Da casca retira-se uma essência aromática usada em perfumaria e no preparo de licores e sabões. enfim, muitas são as utilidades deste cítrico fácil de achar durante o ano todo, nas suas diversas variedades. Em geral, todos os tipos de limão têm aspecto semelhante, embora mudem no tamanho e na textura da casca, que pode ser lisa ou enrugada. Quanto à cor, variam do verde-escuro ao amarelo-claro, exceto uma das espécies, que se assemelha a uma mexerica. 
O limão é uma excelente fonte de vitamina C, muito importante para combater as infecções, pois aumenta a resistência do organismo. contém ainda vitamina A e vitaminas do complexo B, além de sais minerais, como cálcio, fósforo e ferro. 

O suco de limão é um ótimo tônico e bactericida, mas não deve ser tomado puro, pois pode prejudicar o estômago devido à sua acidez. Ao todo, estima-se que existam cerca de 100 espécies no mundo. Mas os tipos mais populares no Brasil, o galego e o tahiti, não fazem parte dessa lista. Na verdade, esses dois frutos não são limões. "Eles são limas ácidas, uma espécie de cítrico que reúne no máximo dez variedades no planeta", afirma o engenheiro agrônomo Ygor da Silva Coelho, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), de Cruz das Almas (BA). 
As principais diferenças entre limões e limas ácidas estão no tamanho e no gosto ligeiramente diferente - os limões têm sabor um pouco mais suave. Apesar disso, as duas frutas têm origens parecidas. Provavelmente, ambas apareceram na Índia e chegaram à Europa trazidas por mercadores árabes, ainda na Antiguidade. 
"O limão verdadeiro aportou na América na segunda viagem de Cristóvão Colombo, em 1493, e logo se adaptou ao clima temperado americano. Já as limas ácidas chegaram ao Brasil com os portugueses, no século 16, e cresceram fácil no calor tropical"
O limão é verdadeiramente uma jóia da natureza. 
Pode ser considerado o rei dos frutos curativos, sendo impressionante a quantidade e variedade das suas aplicações. No entanto, tendemos a repudiá-lo, quando pensamos no seu gosto azedo, e a minimizar as suas virtudes, tanto na manutenção e recuperação da saúde, quanto ao seu valor nutricional e possibilidades múltiplas de utilização culinária. Esta atitude se instalou pela suposição de que ele é agressivo para o estômago, que pode acidificar o sangue, descalcificar e enfraquecer o organismo… 
Ora, nada mais falso e oposto à realidade. Vejamos: Propriedades 
Através de estudos prolongados, constatou-se que o uso do limão estimula a produção do carbonato de potássio no organismo, promovendo a neutralização de acidez do meio humoral. 
Efetivamente, apesar de no estado livre ter como princípio ativo o poderoso ácido cítrico, este, em contacto com o meio celular, no interior do nosso organismo, é transformado durante a digestão e comporta-se como um alcalinizante, ou seja, um neutralizante da acidez interna. 
Os seus diversos sais, por seu turno, convertem-se em carbonatos e bicarbonatos de cálcio, potássio, etc, os quais concorrem para acentuar positivamente a alcalinidade do sangue. 

Um dos efeitos notáveis do limão é, por exemplo, o de combater o ácido úrico – temível inimigo (tantas vezes letal) de muitos cidadãos quando chegam a uma idade mais “respeitável”. 
 Tomado pela manhã, em jejum (10 a 20 minutos antes do desjejum), descongestiona e desintoxica o organismo e, se usado com regularidade, erradicará por completo todos os uratos. 
Deste modo, é evidente a sua grande valia nas diversas patologias reumáticas e artríticas. 
Com efeito, a ingestão da dieta de limões (ver abaixo), aumenta na urina a excreção de ácido úrico, uréia e ácido fosfórico. Seu uso Interno (como também externo) é muito útil na regeneração dos tecidos inflamados das mucosas, reconduzindo ao estado e funcionamento normal de todos os órgãos do aparelho digestivo. 
Nas afecções gastro intestinais, os ácidos do limão destroem os germes e as bactérias nocivas que se libertam e que contribuem para gerar as ulcerações. Ainda combate as fermentações e os gases. 
É um amigo do pâncreas e, malgrado certas apreensões quanto a supostas incompatibilidades com o sistema bilioso, revela-se um expurgador e um tonificante do fígado e da vesícula. 
Relativamente ao aparelho genito-urinário, bem como ao sistema cardiovascular, é igualmente um poderosíssimo eliminador de toxinas e um tônico privilegiado. Tem, assim, ação que impede e neutraliza a proliferação das tão temidas afecções arterioscleróticas. 
Gargarejos do seu suco fresco são benéficos para todos os tipos de afecções do trato nasofaríngeo, bem como para laringites e gengivites. 
Inalado (puro ou diluído), é um bom desinfetante nas rinites e sinusites. Indicações de uso Interno . 
Asma; Enfisema (paralelamente com a terapia do limão, deve erradicar-se os regimes hiperprotéicos) . 
Infecções pulmonares, Tuberculose pulmonar e óssea, Bronquite crônica, Constipações e Gripes . 
Afecções Cardiovasculares, Varizes e Flebites . Fragilidade capilar; Dermatites várias, Prurido, Eczema e Despigmentação . 
Hiperviscosidade sanguínea (fluidificante sanguíneo) . Doenças infecciosas (coadjuvante no tratamento de mononucleoses, leucocitoses, blenorragias, sífilis, etc.) . Paludismo e Piorréia alvéolo dental . 
Febres (infusão de folhas de limoeiro e/ou cascas do fruto, podendo juntar-se o suco) . 
Gastrites, Dispepsias e Aerofagias (também se podem mastigar finas lascas da casca do citrino) . 
Úlceras de estômago e do duodeno, Esofagite de refluxo . Insuficiência hepática e pancreática; Icterícia e congestão hepática (utilização e quantidades adaptados a cada caso) . Desinteria, Diarréias, Febre tifóide e Hemorróidas . 
Colites, Meteorismo e Parasitas intestinais (ralar a casca do limão e fervê-la em água, com ou sem açúcar) . 
Fortalecedor da visão, Glaucoma e Hipertensão ocular . Hemorragias, Hemofilia e Escorbuto . Astenia, Anemias e Desmineralizações (aumenta a capacidade imunológica) . Amamentação, Obesidade e Disfunções metabólicas (reequilibrante) . 
Hipertensão arterial; hipotensão arterial (regulador da pressão) . 
Afecções do sistema nervoso (fortalece e equilibra. As flores do limoeiro são também muito benéficas) . 
Diabetes, Leucemia (preventivo), Cancro (preventivo), Enfarte (preventivo) e Tromboses; embolias (preventivo) . Escleroses, Arteriosclerose, Doenças reumáticas e Artrites . Descalcificações, Linfatismo e Ascites . 
Retenções urinárias e Litíase urinária e biliar . 
Prevenção de epidemias, Antitóxico; Antivenenos Indicações de uso Externo. 
Conjuntivites; Fortalecedor da visão (gota do suco utilizada como colírio) e Tonificante ocular (banhando os olhos, de manhã, ao levantar, com água acidulada por algumas gotas de limão) . 
Cefaléias (neste caso, colocar compressas embebidas em sumo na fronte e nas têmporas) . 
Febre do feno, Sinusites e Anginas . Hemorragias nasais (epistaxis) e Otites . Estomatites, Glossites, Aftas e Sifílides bucais . Blefarites, Terçóis e Herpes . 
Dermatoses (erupções, furúnculos, etc), Feridas infectadas e Picadas de insetos . 
Verrugas, Seborréia facial, Tônico e adstringente facial . Unhas quebradiças e Pés sensíveis (friccionar com sumo ou polpa) . 
Queda do cabelo (fazer lavagens e fricções do couro cabeludo com o sumo puro) . Tonificante corporal (juntando suco de limões espremidos à água do banho) Composição Entre os frutos conhecidos e disponíveis, é o que apresenta o mais elevado índice de radioatividade natural e benéfica (85%), sendo seguido pela uva moscatel ácida e pelo ananás (74%). Podemos dizer que existem cerca de 70 variedades. 
Todas são portadoras de uma enorme capacidade vitamínica e de dinamismo no nosso metabolismo interno. 
– Contém vitamina B1, B2 e B3, provitamina A (caroteno), que se encontra principalmente na casca e, vitamina A na polpa fresca e sumo. 
– É riquíssimo em vitamina C (40 a 50mg/100gr de fruto), que joga um papel inestimável nos fenômenos óxido-redutores, beneficiando, concomitantemente, o desempenho das glândulas endócrinas. 
Por essa razão, é indispensável a sua ingestão diária. 
– Possui vitamina PP, que age protegendo e tonificando o sistema vascular, e vitamina I que é um preventivo das pneumonias. 
– Contém grandes quantidades de sais minerais e oligoelementos como o cálcio, ferro, silício, fósforo, cobre, magnésio e iodo. 
 – Encontram-se apreciáveis percentagens de ácidos cítricos e málico, além de pequenas quantidades de ácido acético, fórmico e de citratos de potássio e de sódio. 
 – É portador de glucose e frutose diretamente assimiláveis, bem como de sacarose. 
– Contém gomas, mucilagem e algumas albuminas.
Além da aparência e do gosto, outra coisa que distingue os limões das limas ácidas é o rendimento para sucos (o das limas é um pouco melhor), mas as características nutricionais são parecidas. 
A presença de vitamina C ajuda a prevenir mais de 60 doenças e é recomendada em uma dieta saudável. 
Limão Galego
Nome científico: [citrus aurantiifolia (christm.) swingle] 
Também é uma lima ácida, menor que o tahiti e de casca amarelada quando madura. Pequeno e saboroso, o galego
está sumindo das prateleiras dos supermercados por causa de uma virose que infesta as plantações desde a década de 70. Mas, por ser considerado o melhor fruto para fazer caipirinha, a variedade ainda frequenta a mesa e o copo dos brasileiros Trata-se de fruto redondo, pequeno e muito suculento. Apresenta casca fina e lisa, de cor verde ou amarela-clara. A polpa tem de cinco a seis sementes, é rica em suco de sabor ácido, porém agradável. Bastante comum nos quintais do nordeste e centro-oeste brasileiros, onde a produtividade de frutos por pé é exuberante. A planta é de porte médio e produz muito o ano inteiro. Até recentemente era um limão muito popular, mas seu consumo foi substituído pelo limão Tahiti. 

Galeguinho
Na Bahia era uma forma afetiva de chamar os Espanhóis oriundos da região da Galicia, o Estado da Bahia foi um dos que recebeu grandes contingentes de galegos. São da segunda metade do século XIX as primeiras referências à corrente migratória Galícia-Bahia. Os dados estatísticos são imprecisos e lacunosos. 
Os poucos registros existentes dizem que, até os primeiros anos do século XX, fixaram-se na Bahia mais de 2.000 “espanhóis”, a imensa maioria proveniente da Galícia. 
Esse número é bem inferior ao real, pois, como afirmam os estudiosos do assunto, a maior parte dos ingressos não foram registrados pelos órgãos públicos. As razões que levaram os galegos a imigrar são de todos, ao menos dos colisteiros, bem conhecidas. Em Portugal é uma palavra muito preconceituosa. Galego é um termo pejorativo usado no sul de Portugal para designar uma pessoa pobre, sem instrução, fazendo um trabalho de baixa qualificação e oriunda do norte de Portugal. 
O norte de Portugal fez parte de uma província romana chamada Gallaecia (de onde vem a atual Galícia, na Espanha,galego = nativo da Galícia). Essa região nunca foi ocupada pelos Mouros/Árabes, por isso é mais comum de se encontrar lá pessoas de pele mais clara, cabelos louros e olhos claros. Ironicamente, e talvez por isso, o termo "galego" é usado no Brasil sem nenhum teor depreciativo para designar justamente alguém louro e de pele clara, geralmente descendente de alemão, polonês, holandês, italiano, ucraniano... 
Galegos na Bahia de Todos os Santos 
Os imigrantes galegos que vieram ao Brasil dirigiram-se e estabeleceram-se em vários estados (províncias) da federação. Porém, o que os levou a eleger a Bahia como destino? Para a maioria dos imigrados mais recentes, a escolha da Bahia deveu-se ao êxito conseguido pelos primeiros que para essa região se dirigiram. Em visitas às aldeias de origem, os imigrantes ostentavam uma situação econômica privilegiada e faziam relatos sobre as maravilhas da Bahia e as vantagens da imigração. Pelo prestígio social que passavam a desfrutar, conseguiam influenciar parentes e vizinhos. Para a Bahia vieram, predominantemente, os galegos de cinco consellos da região de Pontevedra, a saber: Fornelos de Montes, Ponte Caldelas, Pontevedra, A Lama e Paços de Borbém. 
A viagem dos galegos que vieram no final do século XIX ou começo do XX era, em geral, financiada por um parente, amigo ou vizinho que já estava estabelecido na Bahia, para ser reembolsa posteriormente. 
Não havia nenhum impedimento para que menores de idade viajassem e nenhum compromisso era firmado pelos que se interessavam em suas vindas. Não tinham nenhum responsável, mesmo que viessem com apenas 11 (onze) anos de idade. Saiam pelo porto de Vigo, mal instalados e mal alimentados. Suportavam tudo na esperança de acumular riqueza em curto espaço de tempo e retornar à Galícia. Na Bahia, porém, descobriam que a vida lhes revervava grande sacrifícios e caiam por terra as ilusões de enriquecimento fácil. Embora boa parte dos galegos que vieram para a Bahia tenham sido bem sucedidos, isso só se deu à custa de muitos anos de trabalho. O mais curioso é que, apesar de serem originalmente lavradores, na Bahia os galegos foram bem sucedidos no setor comercial urbano. 
(Resenha de “A Imigração Galega na Bahia”, de Maria Del Rosário S. Alban, pub: Centro de Estudos Baianos)
Receita do Galeguinho

Ingredientes: 
6 limões Galegos 
1 raiz grande de Açafrão da terra 
1 litro de álcool de cereais (95 graus) 
1 litro de água 

1kg de açúcar 

Modo de fazer:
1. Lave bem os limões. 
2. Seque e descasque bem fino, sem incluir a parte branca (que deixa um sabor amargo). 
3. Coloque as cascas em um vidro com tampa e misture com o álcool de cereais. 
4. Deixe descansar em lugar escuro e fresco (pode enrolar em um pano preto) por 40 dias 
5. Ao término desse período, leve ao fogo a água e o açúcar, para fazer a calda, deixando ferver e dissolver o açúcar. 
6. Separar as cascas e bater a raiz de açafrão, coar o líquido e juntar a calda. 
7.Deixar mais 10 dias reservado 
8. A partir desse período, colocar mistura já coada em garrafas finas. 
9. A cor fica maravilhosa, um amarelo brilhante e intensa, servir misturando vinho branco frizante e tirinhas de limão.

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