O IPAC (Instituto
do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia), com o apoio institucional
da CCPI (Centro de Culturas Populares e Identitárias); na figura da
professora Arany Santana, está viabilizando, em conjunto com a Secult
(Secretaria de Cultura do Estado da Bahia), o reconhecimento do
Restaurante Alaíde do Feijão, que hoje funciona na Ladeira do Cine Pax,
no Pelourinho, como espaço cultural.
Além do reconhecimento institucional, a
medida visa disponibilizar um novo espaço para a instalação do
restaurante conhecido nacional e internacionalmente pelo saboroso
cardápio. A proposta das novas instalações tem como objetivo de
proporcionar maior conforto à vasta clientela da quituteira e maior
infraestrutura para a realização das manifestações culturais pelas quais
o espaço se tornou famoso.
“O objetivo é aplicar à Alaíde, um
modelo piloto, para direcionar as novas ocupações do parque imobiliário
sob a responsabilidade e propriedade do IPAC”, afirmou o arquiteto João
Carlos, diretor geral do IPAC. ”O objetivo é incentivar junto ao
Ministério da Cultura que estas atividades sejam promovidas a pontos de
cultura, permitindo sustentabilidade e continuidade de atividades que
promovam a ocupação permanente do nosso parque imobiliário”, explicou.
Segundo proprietária do restaurante, a
busca pelo reconhecimento do local como espaço cultural é uma luta
histórica. ”Há muito tempo, tenho lutado por esse reconhecimento, pois o
meu restaurante é frequentado por personalidades e formadores de
opinião, mas hoje já não tem a estrutura adequada, não temos tanta
segurança”, reivindicou Alaíde, enquanto mostrava na parede, fotografias
que tirou ao lado de figuras como, o ex-presidente Luís Inácio Lula da
Silva; a cantora Margareth Menezes e o cantor Péricles.
”Não podemos deixar de reconhecer o
Restaurante de Alaíde, que é sem dúvidas um dos espaços de maior
relevância cultural para o Centro Histórico, não só pelos tradicionais
quitutes quanto por todos os eventos que o espaço abriga”, afirmou o
Secretário de Cultura Jorge Portugal, que conheceu o restaurante em
meados da década de 1990 e, desde então, se tornou um frequentador
assíduo. “Sou natural de Santo Amaro, por tanto, um emérito comedor de
maniçoba, mas não vivo sem o feijão, e o de Alaíde é sem dúvida um dos
melhores que já experimentei”, relatou.
Tradição- O
ofício da produção de quitutes foi herdado a Alaíde da Conceição,66,
(popularmente conhecida como Alaíde do Feijão) ainda durante a
adolescência, através da sua mãe que possuía uma banca na região da
Praça Cayru, no bairro do Comércio, desde a década de 1960. A banca
funcionava das 18h às 6h, e durante a noite dezenas de soteropolitanos e
turistas passavam pelo local para experimentar as iguarias, dentre as
quais, o feijão se destacava. “Muitos estudantes, políticos e
jornalistas passavam por lá, lembro bem do repórter policial, Alberto
Miranda e do deputado Osório Villas Boas”, relatou Alaíde.
Com a aposentadoria da mãe, Alaíde
tomou para si a responsabilidade de manter viva a tradição dos quitutes.
e seguiu fazendo sucesso com a fórmula do tempero ensinada pela
matriarca da família. Em 1993 a quituteira abriu seu primeiro
restaurante no Pelourinho, e ampliou o cardápio, que passou a ter uma
maior variedade de opções. Além do menu, fama de Alaíde também cresceu e
chegou a diversas partes do país e até do exterior.
”A fama da comida e o meu histórico de
participação na vida cultural aqui da cidade fizeram com que as pessoas
frequentassem cada vez mais o restaurante”, afirmou Alaíde, mostrando as
placas de homenagens recebidas de tradicionais blocos Afros e
instituições públicas como a Prefeitura de Salvador e a Fundação
Cultural Palmares, além dos recortes de matérias de destaque em revistas
e jornais.
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