terça-feira, 26 de maio de 2015

Pequeno Dicionario da Cozinha Baiana

Verbete A Arraia de Moqueca

Arraia na Bahia, pode significar "pipa" em muito estados do Brasil, mas principalmente um golpe fundamental da Capoeira, o "rabo-de-arraia". 

Peixe muito comum na costa baiana.
Arraia é nome vulgar para a Dasyatis Guttatus, encontrada nos estados nordestinos,  a partir do Rio de Janeiro,
predomina o nome “raia”, talvez pela tradução direta “ray” - existem: sting ray, eagle ray, etc. A exceção é o litoral de Santa Catarina, onde esses animais são denominados de “arraias” e fazem parte da culinária local, tendo valor no mercado local.
No litoral do Rio Grande do Sul, temos a maior diversidade de gêneros e espécies de batoidea. Por lá, eles consomem arraias salgada, ao modo bacalhau. 

Os índios Tupi, fantásticos sistematas, para cada espécie de arraia possuíam um nome vulgar: jabebira, narinari, aireba,, agereba, yabeburapeni, baepeçu. 
Um desses nomes em tupi, designa uma espécie do gênero Aetobatus, arraia pintada ou arraia cabeçuda .
Gabriel Soares de Souza, 1587, registra em Notícias do Brasil, a ocorrência desses animais em nossas águas, Leiam o belo texto:
 “Arraias há na Bahia muitas, as quais chamam os índios jabubirá e são de muitas castas como as de Lisboa; e
morrem à linha e a rede; há umas muito grandes e outras pequenas, que são muito saborosas e sadias.

 Na Bahia uma moqueca de arraia é um prato consumido em bons restaurantes. Mas, o melhor está nos botecos. Quem quiser preparar uma boa moqueca de arraia. 

No texto, MARIA DOZE HOMEM E ANGÉLICA ENDIABRADA, fica claro a paixão dos baianos por esta delicia, 

“No tempo dos valentões: os capoeiras na cidade da Bahia” de Josivaldo Pires de Oliveira (2005, p.78) e “ A capoeira na Bahia de todos os santos” de Antonio Leberaque C.S. Pires (2004, p.113)

Na estoria do Anti-Herói, Quincas Berro D'Água, do nosso saudoso Jorge Amado, cachaceiro inveterado e grande comedor de Arraia de Moqueca, recusa-se a morte
A morte e a morte de Quincas Berro Dágua conta a história da dupla - talvez tripla - morte de Joaquim Soares da Cunha. Teria ele morrido de morte natural, no leito pobre de um cortiço da ladeira do Tabuão, ou embarcado para o outro mundo algumas horas depois, no mar da Bahia, onde sempre desejara ser sepultado? Ou teria partido antes, quando caiu na vida dissoluta da capital baiana?
Para desgosto da família, Joaquim Soares da Cunha, o Quincas, decidira largar tudo. A certa altura da vida, deixara de ser funcionário exemplar, pai, esposo e cidadão de bem para se juntar à malandragem da cidade, tornando-se o “cachaceiro-mor”, o “rei dos vagabundos da Bahia”.


Certo dia, amanheceu morto. Para o velório, os familiares tentam restaurar o respeito pelo falecido e o vestem com elegância. No caixão, porém, Quincas ostenta um sorriso maroto. Estaria mesmo morto?
 À noite, chegam os companheiros de farra: Curió, negro Pastinha, cabo Martim e Pé-de-Vento. Os amigos de boa vida, embalados pela cachaça, dão de beber ao defunto e levam Quincas para passear pelas ruas da cidade até a orla. Ali, junto de seus amigos e de sua amante, Quitéria do Olho Arregalado, Quincas Berro Dágua vai encontrar seu derradeiro destino.
Um texto enxuto e denso, poético e debochado, A morte e a morte de Quincas Berro Dágua é uma pequena obra-prima de Jorge Amado. Com construção e estilo primorosos, trata do conflito entre a ordem instituída e a liberdade da boemia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário