As feiras existem desde a Antiguidade, cerca de 2000 a.C., na Mesopotâmia, no Egito Antigo, na Grécia Antiga, e na Roma Antiga. Com a queda do Império Romano e a tomada das rotas comerciais da Europa pelos sarracenos, as feiras
entraram em extinção na sociedade ocidental europeia.
Mas, o fenômeno da feira continuou a existir no mundo oriental, por exemplo, na China e na Índia.
Após as Cruzadas, iniciadas no século XII, houve a retomada das rotas comerciais europeias, e as feiras ressurgem, nos pontos de encontro dessas rotas, como forma de trocar e vender os excedentes agrícolas de um modo de produção feudal. Onde as feiras eram realizadas, surgiram os burgos, os embriões da cidade moderna. Como ainda não existia o comércio fixo, as feiras dinamizavam a economia desses locais. Com a expansão marítima e comercial da Europa, a tradição das feiras foi levada para as colônias.
Na América Latina, existiam lugares que conheciam as feiras antes da chegada dos europeus, por exemplo, nos atuais México e Guatemala.
Em outros lugares, como no atual Brasil, as feiras eram uma inovação e desconhecidas da população nativa. Portanto, as feiras livres brasileiras são heranças das feiras medievais portuguesas.
Não há documentos que informem quando foi criada a primeira feira no Brasil. Há registros de regimentos escritos por D. João III em 1548, e por D. Afonso IV em 1677, que ordenavam a criação de feiras semanais na colônia para a realização de trocas entre os portugueses e os nativos. As feiras só se tornam expressivas com o crescimento demográfico e com a diversidade econômica da colônia.
O primeiro registro oficial da existência de feira no Brasil data de 1732, a feira de Capoame, localizada no Recôncavo Baiano. Sabe-se da existência de feiras livres, nos séculos XVIII e XIX, nos atuais estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
As feiras livres emergem no Nordeste brasileiro associadas à estrutura econômica da região dos séculos XVIII e XIX. De um lado a economia da cana de açúcar na Zona da Mata e, do outro lado, a atividade pecuarista e da cotonicultura no Sertão. O gado também era trocado e vendido nas feiras livres semanais, que eram realizadas em pontos de encontro das rotas entre o Sertão e a Zona da Mata, sendo denominadas de feiras de gado.
Além do gado bovino eram vendidos e trocados cavalos, burros, caprinos, ovinos, suínos, etc.
Os animais eram usados como meio de transporte e tração dos trabalhos realizados nas lavouras e nos engenhos. O surgimento de povoações, vilas, e cidades nordestinas são causa e consequência das feiras de gado. Estas feiras ainda eram importantes e frequentes até meados do século XX, e entraram em decadência com o desenvolvimento dos transportes ferroviários e rodoviários, e a introdução mesmo que incipiente, das máquinas na agropecuária.
Fora da região Nordeste, tem-se notícias de algumas feiras de animais que foram realizadas, durante o século XVIII e XIX, destacando-se a feira de burros de Sorocaba, no interior de São Paulo. Os burros eram utilizados como transporte e tração nas atividades econômicas do café e da mineração. Eram criados no sul do Brasil e nos campos argentinos, sendo posteriormente trocados e vendidos nas feiras do Sudeste. A última grande feira de burros de Sorocaba foi realizada em 1835, entrando em decadência com o desenvolvimento do transporte ferroviário no Brasil.
No século XX, várias feiras tomam uma dimensão regional no Nordeste. Entre elas destacam-se as feiras de Feira de Santana na Bahia, de Arapiraca em Alagoas, de Arcoverde e de Caruaru em Pernambuco, e a feira de Campina Grande na Paraíba, e as feiras de Mossoró, Açu, Caicó, Currais Novos, Pau dos Ferros, e Macaíba no Rio Grande do Norte. As feiras livres tornaram-se museu vivo da história e da cultura popular nordestina.
A tradição histórica e a cultura da prática das feiras livres também passaram a ser vivenciadas nas grandes cidades brasileiras, como Rio de Janeiro e São Paulo, exercendo um importante papel no abastecimento dessas cidades, e se tornando elementos de persistência e resistência no atual período da globalização, cujas forças do circuito moderno se mostram bastante evidentes e hegemônicas na dinâmica socioespacial.
Trabalho:AS FEIRAS LIVRES E SUAS (CONTRA)RACIONALIDADES: PERIODIZAÇÃO E TENDÊNCIAS A PARTIR DE NATAL-RN-BRASIL
Francisco Fransualdo de Azevedo e Thiago Augusto Nogueira de Queiroz
Leia mais no Sigulink:http://www.ub.edu/geocrit/b3w-1009.htm
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