sábado, 4 de abril de 2015

Porquê na Bahia, a culinaria do "AXÉ" é servida na Sexta Feira Santa?

Salvador foi um porto em que etnias de língua iorubá chegaram em grande número. Uma das mais conhecidas e presentes tradições do candomblé, a ketu ou nagô, é originária dessa cultura. 


O uso do dendê, típico entre esses povos, encontrou-se com o costume católico de comer peixe nesse período.

“O peixe é um símbolo cristão que tem muita força simbólica”, explica o doutor em antropologia, professor da Ufba e religioso do candomblé Vilson Caetano. A força simbólica do peixe para os cristãos vem das letras com que é escrito em grego: IXTIS. Elas indicam Jesus Cristo, Deus, Filho, Salvador.
“A partir do hábito católico de comer peixe na Sexta-feira da Paixão, o africano do litoral acabou acrescentando um dos seus ingredientes próprios: o dendê”, acrescenta Caetano.


Um dado interessante é que nesse hábito não há a tentativa de misturar rituais religiosos. Mesmo porque há o entendimento de que Oxalá não está presente não só devido ao azeite de dendê, mas também por ser uma data que lembra a morte.
Separação - “Para as religiões de matriz africana, há uma clara separação entre as divindades que são energia, os orixás, inquices e voduns, e os eguns, que são provenientes de pessoas que já passaram pela terra e que têm um culto muito específico”, acrescenta Jaime Sodré.


Vilson Caetano salienta que a morte é um dos temas mais significativos e importantes no universo afrorreligioso. “O entendimento é de que a morte é a vida que se prolonga de outra forma. Portanto, é inegável que o universo simbólico católico foi ressignificado pela visão das religiões de matriz africana’, diz o antropólogo.


Ele conta, inclusive, que sua reflexão sobre esse toque africano na data foi fortalecida ao ouvir uma ialorixá chamar a Sexta-feira Santa de “maior”. “Inclusive essa era uma expressão muito em uso pelos mais velhos e que, hoje, já não é tão constante. Mas isso significa, a meu ver, que existe a questão do respeito pela fé do outro. 

Há também uma canção do culto de caboclo que diz: o dia maior da aldeia/ é o dia da Sexta-feira”, acrescenta o antropólogo.

 Compartilhem as paginas: El Cocinero Loko:
 https://www.facebook.com/ElCocineroLoko

Sotoko: Serviço de Buffet e Catering de Cozinha Afro-Baiana.
https://www.facebook.com/C.Sotoko?fref=ts

Nenhum comentário:

Postar um comentário