O brasileiro Nicolau Francine criou uma empresa que fabrica fornos que funcionam à base de luz solar e preserva melhor aromas e nutrientes.
“O que vem à sua mente quando se fala em forno à lenha?
O bucolismo da casa de fazenda ou o charme de uma pizzada, acertei? Mas para milhões de pessoas no mundo todo, o forno à lenha tem zero de glamour.
A lenha é a única fonte de cozimento de alimentos de inúmeras comunidades, que precisam desmatar para matar a fome.
De acordo com o IBGE, a utilização do forno solar por 30% da população brasileira reduziria a extração de lenha para cozimento de alimentos em 5.370.000 m³ por ano.
Os primeiros experimentos científicos foram de Nicholas de Saussure por volta de 1770. Já existem modelos industrializados no mundo todo com destaque para os Estados Unidos e a Europa. Alguns modelos simplificados também são usados em países pobres para pasteurização de água contaminada.
No Brasil, as principais iniciativas com cozimento solar utilizam fornos artesanais de baixo custo, construídos com material reutilizado. “Eu conheci esta tecnologia durante o curso técnico de gestão ambiental, mas foi durante a faculdade que comecei a praticar. Logo que construí meu primeiro equipamento fiquei apaixonado!”, conta Nicolau Bussolotti Francine, que criou a Pleno Sol em 2010.
O negócio é pequeno, porém eles são pioneiros na fabricação de fornos solares do tipo caixa no Brasil. Mas, e aí? Precisa de tomada? Nada disto. Apenas o sol!
O forno capta e transforma a energia solar em calor, que é aprisionado e acumulado, superando os 150°C. A energia solar entra através do vidro e, ao se deparar com os objetos pretos no fundo, a luz se converte em calor. Esse calor não passa através do vidro com a mesma facilidade, além do que, o isolamento térmico completa a armadilha que o prende dentro da caixa, ou seja, muita energia entra e pouca sai. Assim, a temperatura é mantida lá em cima!
Vale lembrar que quanto mais luz entra, maior a temperatura. O forno tem um refletor de luz que pode ser regulado a cada meia hora para acompanhar o movimento do sol. Isto potencializa o processo e permite que o resultado seja mais rápido. Outra vantagem: ele pode funcionar sem nenhuma assistência, permitindo que o usuário realize outras tarefas e até saia de casa sem correr o riscos. “Nosso produto foi desenhado para pessoas que buscam formas de tornar sua vida mais sustentável e instituições de educação ambiental e permacultura que demonstram tecnologias mais limpas. Estamos ampliando a gama de modelos para oferecer equipamentos para pequenos negócios e grupos ou comunidades”, explica. Além do forno em forma de caixa, a Pleno Sol tem um outro modelo mais potente, chamado de Catassol, que consegue, por exemplo, assar 1 quilo de pão em 1 hora e chega a 200ºC.
Este modelo tem um refletor em volta do vidro que cria um foco de luz sobre o alimento e o resultado é mais rápido! O foco é mantido graças ao movimento do baú térmico, que busca o sol com precisão, e a comida é mantida sempre em nível pelo movimento circular da bandeja interna.
Segundo ele, muitas pessoas querem o forno para desidratar alimentos. “É possível preparar todo tipo de alimento no forno solar, menos frituras. Sempre com menos óleo, os legumes e carnes são preparados sem adição de água conservando melhor os aromas e nutrientes. Pães e bolos ficam especiais pois, diferente do forno convencional, tudo é preparado ao vapor”, diz.
No início de 2012, a ONG Associação Caatinga começou a utilizar 50 destes fornos solares, que foram distribuídos, através do projeto No Clima da Caatinga, para famílias de comunidades rurais no entorno da Reserva Natural Serra das Almas. Em agosto do mesmo ano, houve a uma feira gastronômica na região com o objetivo de ensinar as famílias beneficiadas o utilizar o equipamento. “Nesta região é muito comum o uso de lenha e carvão no cozimento, além da madeira ser um recurso escasso, seu uso provoca doenças respiratórias”, afirma.”(…)
Leia tambem: Desenvolvido o primeiro fogão a lenha ecológico fabricado no Brasil.
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