Segundo Joan Roca, o chef do restaurante número 1 do mundo, El Celler de Can Roca, cozinhar não é arte, mas um artesanato que traduz
memórias e vivências.
memórias e vivências.
A gastronomia é uma linguagem que usamos para explicar nossa terra, cultura, memória, vivências, viagens. uma linguagem para expressar nossa cultura’.
A consolidação do que chamamos "Cozinha Brasileira" passa claramente pela questão semântica, através do reconhecimento e valorização das línguas que formaram o conjunto das nossa raiz cultural. Manter e criar nomes de pratos com estas características, é uma forma de compreender e resgatar a essência da nossa cozinha e consequentemente nossa gente.
A língua pode ser um fator determinante no aprisionamento e da dominação cultural, ao meu ver o grande desafio diante da globalização. Mante-se imune, a esta forma perversa, ficando atento às novas competências necessárias para o aprofundamento da nossa Linguagem e identidade cultural, através do reconhecimento da diversidade linguística e cultural.
Barreiras entre países são derrubadas, a comunicação, o contato, a negociação e a relação das pessoas acontecem em conseqüência desse fenômeno. Os meios de comunicação cada vez mais rápidos e eficientes marcam esse período, onde as informações e os acontecimentos giram em todo mundo ao mesmo tempo num ritmo mais acelerado.
A moderna ideia de cultura está, desde o seu surgimento, associada à ideia de diversidade, passando a reunir, na mesma noção, a tradição humanista de cultivo das realizações consideradas superiores do espírito humano nas ciências e artes e a nova valorização, de raiz iluminista, da diversidade de costumes e crenças dos povos como via para o conhecimento.
O conceito de diversidade cultural permite perceber-se que as identidades culturais nacionais não são um conjunto único e monolítico. Ao contrário, deve-se reconhecer e valorizar as diferenças culturais, enquanto fator importante para a coexistência harmoniosa das várias formas de nacionalidade.
A riqueza de uma sociedade e o aumento de suas possibilidades vêm do conhecimento do “diferente”, ou seja, da diversidade cultural.
Em outras palavras, é a diversidade cultural que permite a uma sociedade buscar abordagens diferentes para seus problemas. Trazendo maiores possibilidades de aprendizagem, ela se torna parte da riqueza dessa sociedade, na medida em que valoriza a compreensão e o respeito mútuos. A diversidade cultural, portanto, enfatiza a importância do entendimento e respeito mútuos, essenciais em uma sociedade multicultural. No entanto, o primeiro passo para viver uma diversidade cultural é conhecer e valorizar a própria cultura.
Segundo a psicologia social, a formação da identidade de um grupo é influenciada pela competência lingüística e pelo uso de uma mesma língua. Os falantes da mesma língua freqüentemente se sentem mais parecidos com o outro, do que aqueles que partilham o mesmo background cultural ou origem geográfica.
Por outro lado, a diversidade lingüística fornece pistas sobre a categoria do falante no mapa social, por esse motivo a língua e o dialeto podem ser apontados como as dimensões mais salientes da identidade do grupo. Entretanto, a língua, como marcador da identidade do grupo não pode ser diferente de outros símbolos de identificação étnica, tais como vestimentas, ornamentação, dança, música etc.
As considerações sobre diversidade lingüística levam a crer que possibilitar a um povo que aprenda outras línguas significa fazê-lo adquirir variados conhecimentos e desenvolver o pensamento crítico tão necessário para entender e resolver seus próprios problemas.
Robinson (1977: 19) afirma que “Pessoas confinadas a uma só cultura costumam ter grande dificuldade em conceitualizar outras culturas, salvo em termos de desvios da sua própria”. Dominar outros idiomas, portanto, significa saber comparar as semelhanças e contrastes com outras culturas, valorizando as expressões culturais próprias. Vale lembrar que uma língua não existe separada de uma cultura que lhe corresponde e que lhe dá suporte.
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