domingo, 14 de junho de 2015

A arte de fotografar comida


Quando uma imagem vale mais do que mil palavras, então tratando-se de alimentos, seja um cesto de fruto ou uma sopa fumegante, terá que valer os apetites de quem a vai ver. 

Captar e congelar a essência da comida, tem que se lhe diga, por isso, inspire-se nestas dicas para fotografias deliciosas! 

Fotos

Henrique Ferrera

 Torsten Schulz
  • Fotografar alimentos é sempre um desafio – primeiro porque não é fácil, segundo porque o resultado final pode ficar muito bom ou muito mau, e terceiro porque o objectivo é seduzir, física e emocionalmente, quem aprecia a imagem.
  • Tal como uma tela branca, também os alimentos requerem o seu próprio palco, adereços e uma preparação cuidada. Ao delinear o cenário, que terá de ser ultra-apelativo, crie uma imagem mental de como gostaria que ficasse a fotografia final.
  • Para um pano de fundo com grandes potencialidades, procure criar uma encenação que complemente os alimentos e não distraia os olhos de quem vê, ou seja, uma toalha de mesa simples ou uma simples folha de cartolina branca ou preta. Se vai incluir pratos, estes terão de complementar a comida, por isso, evite utilizar louça nos mesmos tons dos alimentos.
  • Fotografar comida exige uma aplicação artística de luz, sendo que a natural é sempre a melhor. Se puder, fotografe junto de uma janela e de preferência com uma cortina branca para uma melhor difusão.
  • Se a luz natural não for uma opção, não caia no erro de recorrer ao flash – este é demasiado potente para os alimentos, a maioria dos quais possuem características muito delicadas. A utilização do flash vai acabar por retirar-lhes forma e textura, deixando pequenos pontos brilhantes que não favorecem em nada algo que, no fundo, é comestível! 
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  • A melhor iluminação artifical nestes casos são as luzes strobe, assim como os reflectores e espelhos. Pode ainda recorrer às caixas de luz que, para além de potenciarem os detalhes da comida, eliminam as sombras. Por outro lado, se quiser uma representação exacta dos alimentos, alguma sombra sob os pratos é o ideal. Por vezes, são os “jogos de sombra” que fazem uma boa fotografia.
  • Como o objectivo é conseguir uma imagem apetitosa, o cenário deve ser iluminado com luzes suaves. Quando se trata de fotografar comida, menos luz é mais! Isto porque uma iluminação reduzida vai potenciar as texturas dos alimentos, retratando-os mais fielmente! Nunca ilumine a comida de frente, é um dos erros mais frequentes!
  • Faça várias experiências com a iluminação, jogando com os diferentes looks pretendidos – se a ideia é conseguir uma imagem de um pequeno-almoço solarengo vai precisar de muita luz, mas se quiser um âmbito do género jantar romântico, há que baixar as luzes! Não tenha medo de experimentar porque, no que toca a fotografar comida com qualidade, a iluminação pode fazer toda a diferença!
  • Esteja bem familiariazado com o seu equipamento e todas as funções que disponibiliza. A sua máquina digital pode ser uma ajuda valiosa nestes casos, principalmente se tiver a função “White Balance”, que elimina cenários escuros e permite harmonizar as cores.
  • A alimentação é para ser consumida num espaço de tempo relativamente curto, por isso, se demorar demasiado tempo a preparar e a fotografar, a comida depressa vai tornar-se desensabida e pouco atraente. Um bife acabadinho de grelhar (se ainda vier a fumegar, o efeito é mais espectacular!) ou uma salada que saiu do frigorífico neste instante (e que está fresca que nem uma alface!) são os cenários ideias, até porque, se fotografar comidas que devem ser quentes quando estão frias ou vice-versa, o resultado será tudo menos gostoso!
  • Captar a comida no seu melhor momento exige que fotografe rapidamente… muito rapidamente! Se não, o gelado e as natas vão ficar numa sopa não tarda nada, a alface vai murchar e o assado vai parecer uma pedra escura! Um bom truque para não “desperdiçar” comida e conseguir excelentes fotos é fazer toda a preparação de cenário e de iluminação, bem como as experiências dos melhores ângulos com um “protagonista falso”, posicionando os verdadeiros alimentos apenas momentos antes de tirar a primeira fotografia “a sério”.
  • Fotografar comida com estilo também tem extremos – utilize uma lente muito curta ou muito comprida. Procure um ponto de focagem especial, ou seja, algo atraente em todo o cenário, que vai despertar de imediato a atenção de quem vai ver esta fotografia pela primeira vez. 
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  • Já começou a fotografar? Óptimo! Aproxime-se o máximo possível, use e abuse do zoom, utilzando a função macro da sua máquina. Não tenha medo de encher o visor com essa comida divinal… vai ser uma fotografia que se pode quase provar! Não deixe de experimentar fotografar à distância para um quadro completo das texturas e ingredientes.
  • Fotografe muito (mas não se esqueça que tem de ser rápido) e de vários ângulos para tentar conseguir um efeito 3D, ou seja, de uma fatia de bolo irresistível ou de uma lasanha divinal que praticamente salta da fotografia. Para isso, experimente fotografar sobre a mesa num ângulo de 10 a 45 graus. Atenção: se fotografar muito de cima, não vai “apanhar” os lados da comida, eliminando assim uma das dimensões, o que definitivamente não vai favorecer a receita final!
  • Procure fotografar do ângulo mais baixo possível, porque vai emprestar mais altura aos alimentos. Regral geral, quanto mais baixo fotografar, mais bonita vai ficar a imagem. No entanto, se descer demasiado, corre o risco de não captar a parte de cima da comida, eliminando uma das suas dimensões, o que resulta numa fotografia 2D e não 3D como é suposto! As fotografias tiradas de um ângulo baixo requerem alguns adereços para preencher o espaço vertical que vai ficar muito “vazio”.
  • Tire muitas fotografias, mas sem se mexer! Em cenários de iluminação reduzida, caso das cozinhas e restaurantes, as exposições longas vão captar o mais pequeno movimento da máquina e o resultado é aquilo que ninguém quer: uma imagem desfocada! Sempre que possível, utilize um tripé. Se não possuir um, improvise com uns livros, um copo ou até um saco cheio de areia ou de arroz, que lhe vai permitir posicionar a máquina exactamente como quer.
  • Se a sessão fotográfica não estiver a correr tão bem como gostaria experimente (se o alimento em questão o permitir) retratar o seu processo de confecção (por exemplo, cortar, ralar ou até mesmo cozinhar!), que pode ser igualmente atraente ou mais ainda. As melhores fotos também mostram outros detalhes: a esquina de um tacho, alguns talheres e utensílios ou um copo de vinho meio vazio, conferindo um toque ainda mais real à imagem e, consequentemente à comida, que não parece caída do ceú!
  • No mundo da fotografia existem muitos segredos de bastidores, ou seja, nem tudo o que parece é! Podemos dizer que é o preço que se paga para uma fotografia de trazer água à boca! Entre os muitos truques utilizados por fotógrafos famosos, destacam-se aqueles que andam com o seu próprio maçarico para “criar” as marcas do grelhador num naco de carne ou para derreter manteiga, queijo ou outros ingredientes para um look mais cremoso. Precisa de um “efeito molhado”? Pincele os alimentos com um pouco de glicerina. Sabe o que está muitas vezes por de trás de um prato fumegante de vegetais? Um assistente a fumar um cigarro directamente atrás do mesmo! Um frango assado num minuto é conseguido com um pouco de pomada para calçado; e para um gelado num cone que nunca vai derreter, subsitua o gelado por puré e o chocolate derretido por óleo de motor!  
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  • Fonte O Meu Olhar
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