A sociedade moderna já há muito tempo vem contribuindo para a degradação do meio ambiente. O modelo econômico vigente tem contribuído para esse processo, pois o que importa para o mercado é o lucro.
Nesse sentido, durante muito tempo a produção agrícola convencional buscou atender às demandas do mercado utilizando agroquímicos para garantir uma produção em larga escala e conseqüentemente maior produtividade. Muitos foram os impactos ambientais causados por esse modo de produção agrícola, além dos danos à saúde dos trabalhadores que lidavam com os agrotóxicos e adubos químicos. Contudo, as discussões se processaram em todo mundo com relação a um desenvolvimento sustentável que propõe que as necessidades da presente geração sejam atendidas sem sacrificar a possibilidade das gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades, considerando para isso os aspectos econômicos, sociais e ambientais e o respeito às diferenças culturais. Criou-se uma incompatibilidade da proposta da sustentabilidade com os desgastes naturais causados pela agricultura química (MAZZOLENI e NOGUEIRA, 2006).
Fruto dessas discussões surgiu a agricultura orgânica como alternativa ao modelo convencional. Diferentemente deste, o sistema de produção orgânico visa à produção de alimentos ecologicamente sustentável, economicamente viável e socialmente justa, capaz de integrar o homem ao meio ambiente (SANTOS e MONTEIRO, 2004). A agricultura orgânica vem ganhando espaço no mercado e esse crescimento se deve ao fato de “a agricultura convencional basear-se na utilização intensiva de produtos químicos, fazendo com que os consumidores vejam neste sistema de produção uma possibilidade de risco à saúde e ao meio ambiente, buscando produtos isentos de contaminação" O Surgimento do mercado de produtos orgânicos na Bahia é relativamente recente e ainda está em fase de consolidação. A preocupação com a saúde e com a sustentabilidade dos modelos de produção agropecuária são os principais motivos de compra de alimentos orgânicos.
O pequeno município de Mata de São João, próximo a Salvador, considerando sua população de apenas 37.000 habitantes, é um forte fornecedor de produtos orgânicos para capital do Estado, por si só determinando o interesse quanto ao estudo do seu desenvolvimento. Contudo, dois aspectos extras despertam questões de interesse.
Primeiramente, o núcleo rural onde se concentra a produção de orgânicos, distante 12 km da sede, denomina-se JK, homenageando um presidente da república do passado, Juscelino Kubitschek de Oliveira. O nome seria uma simples homenagem ou um marco da história, denotando uma iniciativa da União em conjunto com o Estado e o Município? A proposta inicial já contemplava a produção de orgânicos? Ao visitar o núcleo há outra surpresa. Entre agricultores brasileiros há uma forte presença de japoneses, seus descendentes e uma miscigenação. Como ocorreu o desenvolvimento rural do núcleo JK? O objetivo do presente trabalho é estudar o desenvolvimento da agricultura orgânica no município de Mata de São João, contextualizando-o no âmbito do estado da Bahia e do Brasil.
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