
Sendo a cozinha um microcosmo da sociedade e uma fonte inesgotável de saberes históricos, é importante que algumas das suas produções sejam consideradas como patrimônio gustativo da sociedade.
Por tudo que venham a representar do ponto de vista do original e de criativo, que permitem destacar as identidades locais e regionais, certos pratos podem ser considerados como bens culturais, como lugares de memória, como patrimônio imaterial.

A COMIDA COMO LUGAR DE HISTÓRIA:
AS DIMENSÕES DO GOSTO
Carlos Roberto Antunes dos Santos**
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/historia/article/view/25760
Uma das primeiras pessoas que compartilhou comigo sua história foi a professora de história Anna Cristina Figueiredo, que tem guardado, na edícula de casa, o caderno de receitas da bisavó. É uma relíquia, carregada de memórias, que traz não apenas receitas de outro tempo, mas conta também a história da família da Anna. “Ele data de 1907 e pertenceu à Lavínia Bueno Teixeira de Camargo, esposa do político João Teixeira de Camargo, primeiro prefeito da cidade de Assis. Era minha bisavó”, orgulha-se Anna. “É muito legal notar as quantidades absurdas de ingredientes das receitas. Fui fazer uma delas, uma vez, e deu rocambole para um batalhão. É que, antigamente, as famílias eram muito maiores e meu bisavô recebia muitas pessoas, como apadrinhados, correligionários, parentes... Os farináceos estão em libra e quase todas as receitas usavam produtos da terra, como araruta, coco, milho, ovo. Quase nada com chocolate”. Anna Cristina, obrigada por dividir essa relíquia e esse pedacinho da história de todos nós.
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