Aproveitando o avanço da renda do brasileiro, o consumo e a produção de lácteos foi impulsionada nos últimos anos. Depois de décadas de crescimento lento, o mercado dos chamados queijos especiais (ou finos) avançou a passos largos. De 2006 até o ano passado, o volume consumido passou de 72,9
mil para 122 mil toneladas, com alta de 67%, se somados o consumo de nacionais e importados, o que representa crescimento de 67,35% no período.
Desse número, 400 gramas seriam de queijos sofisticados, ficando a maior parte do consumo diário entre os tipos comuns como mussarela de leite de vaca, prato e queijo minas, coalho, produtos facilmente encontrados nas mesas de café da manhã. Mas, assim como acontece com os vinhos, o mundo dos queijos, para muitas pessoas, ainda é um terreno inexplorado.
Há indícios de que o queijo começou a ser feito há 10 mil anos, mas o modo de produção foi se diversificando entre franceses, alemães e suíços, e assumindo características muito peculiares de acordo com condições climáticas, de preparo, armazenagem e costumes de consumo.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento já concedeu registro às regiões do Serro e da Canastra, em Minas Gerais, pela produção de seus queijo artesanais e desenvolve ações para habilitar outras área, alem disso comemora à medalha de prata, concorrendo com 600
produtos de 23 países, o nosso queijo recebeu medalha de prata no concurso do Mondial du Fromage et des Produits Laitières (Mundial do Queijo e dos Produtos Lácteos) dia 8 de junho em Tours, na França.
Entre dozes queijos comprados aleatoriamente no mercado central de Belo Horizonte, três foram selecionados pelo curador Jean François Dubois e pela jornalista Débora Pereira para se inscreverem, sendo que o vencedor foi o do produtor Guilherme Ferreira de São Roque de Minas. Os outros dois foram um da Serra da Mantiqueira, o Catauá, e outro da Aprocame de Medeiros.
A expansão se comprova com o aumento do consumo. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (Abiq), o volume per capita de queijos especiais consumidos no país passou de 2 a 3 quilos ao ano para 4,5 quilos.
“Esse consumo vem aumentando sob o efeito do aumento da renda”, afirma a assessora de marketing da Abiq, Silmara Figueiredo. A avaliação dela é de que existe uma evolução do tipo de consumo com o aumento da renda, ou seja, primeiro se experimentam queijos convencionais, como muçarela e prato, para depois passar para os especiais. “Até a degustação no supermercado é uma forma de o consumidor aumentar suas experimentações”, afirma.
O Roquefort, por exemplo, é um queijo produzido em cavernas francesas, por isso o seu bolor (mofo) é natural, devido à umidade. Assim como o vinho, alguns tipos de queijos são protegidos por leis, conhecidas como denominação de origem protegida (DOP).
Isso garante que um queijo só pode ser chamado de Roquefort, se for feito na região francesa de mesmo nome, obedecendo o modo de fabricação daquele território. Camembert e Brie, também são queijos franceses sujeitos a mesma regra.
É por isso que existem queijos que não podem ser reproduzidos em outros países com a exata qualidade gastronômica e nutricional de origem, apesar de toda tecnologia disponível por aí.
A Itália deu origem ao Gorgonzola e ao Parmesão. Já a Suíça detém o direito sobre as denominações Emmental e Gruyère. Nós, brasileiros, também temos queijos protegidos por lei.
O Queijo do Reino e o Meia-Cura, originados no Triângulo Mineiro, são denominações nossas, embora em ambos, o processo de fabricação tenha recebido influência da Holanda e da Dinamarca.
O queijo do Reino, surgiu da tentativa de se fazer aqui o queijo Edam, holandês. Embora não tenha dado certo, o queijo do Reino se tornou especial no país, tanto que no Norte e Nordeste ele é comprado especialmente em datas como o Natal e o Réveillon, para compor a mesa das ceias. É importante lembrar que todo queijo tem seu “terroir” assim como os vinhos. O que é isso? São as características de clima, tais como temperatura, solo, umidade, alimentação disponível para o gado, etc.
O nordeste brasileiro tem boas promessas é o caso dos queijos produzidos na Paraíba que teve sete entre doze melhores queijos do Nordeste, no concurso realizado durante o XI Encontro Nordestino do Setor de Leite e Derivados (Enel).
A empresa Grupiara, de Taperoá, faturou todos os troféus, de primeiro ao terceiro lugares na produção de queijo de leite de cabra.A Belo Vale, de Sousa, também conquistou todos os prêmios da categoria destaque, pela produção de geleia, creme de ricota e requeijão.
Já a marca Produtos da Terra, de Cajazeiras, foi premiada com o melhor queijo de coalho.
O proprietário da empresa Grupiara, Manoelito Vilar, disse que o segredo de sua receita é apostar no potencial do Nordeste. “Na minha fazendo eu não permito imitar receita de francês. Leite bom é leite de cabra nativa do Nordeste”, afirmou o vencedor.
O evento foi realizado até no último fim de semana no Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamim (RN), com promoção do Sebrae no Rio Grande do Norte e Associação Norte-rio-grandense de Criadores (Anorc). Participaram do concurso 95 produtos, de oito estados do Nordeste, que concorreram nas quatro categorias: Queijo de Coalho, de Manteiga, de Leite de Cabra e Destaque Especial. Nesta última, a disputa é livre para qualquer derivado de leite.
A tentativa de se reproduzir as condições ideais para a fabricação de um queijo em outro local distinto de seu berço, não é proibida. Pode ser feita, sim.
Mas, neste caso, acontece o que podemos ler em muitas embalagens de Gorgonzola, Parmesão, Edam e Brie no mercado – é preciso estar escrito: “queijo tipo” Camembert ou Roquefort, por exemplo. Isso, contudo, não quer dizer que o produto seja falso, apenas que não possui o mesmo terroir que “o irmão europeu”. Em geral esse tipo de produção tem o apoio do país ou da região que batizou o queijo original. Agora que você já sabe um pouco mais sobre queijos, veja essa reportagem sobre o suíço Gruyère – e entenda um pouco mais porque é tão importante para uma região defender a sua (DOP).
Nenhum comentário:
Postar um comentário