sexta-feira, 13 de março de 2015

Pequeno Dicionario da Cozinha Baiana. Verbete L


Laranja de Umbigo


A história da laranja de umbigo, também chamada (Baía, Baiana ) esta intimamente ligada a Bahia, mais particularmente ao tradicional bairro do Cabula, baseando-me nas informações que encontrei na leitura do livro Breviário da Bahia(1945), da autoria de *Afrânio Peixoto.

Afrânio Peixoto afirma que a laranja de umbigo é originária da Bahia. Em 1873 William Sanders enviou “duas pequenas mudas de laranjeira” da Bahia p’rá sua amiga Mrs. Elisa Tibbets em Washington.

O bucólico bairro do Cabula na Bahia, era ocupada por chácaras produtoras de laranja-da-baía - Também chamada "laranja de umbigo", em razão do apêndice polposo característico dessa subespécie, surgida na década de 1810. 

O fruto não tem semente, reproduzindo-se assexuadamente através de mudas e enxertia.
Este tipo de laranja era mais sumarento e não tinha pevides, e propagou-se de forma extraordinária, alcançando tamanha popularidade que os quinteiros viram-se obrigados a cercar as laranjeiras com arame farpado, a fim de impedir os assaltos da ladroagem.

No passado, o bairro Cabula, serviu de esconderijo para os negros escravizados, formando o Quilombo do Cabula.
Essa região foi povoada por negros, principalmente de origem Congo e Angola, que tocavam e dançavam o ritmo religioso chamado kabula, dando origem ao nome do bairro.
A laranja de umbigo posteriormente seguiu para a Califórnia, onde foi introduzida e melhorada , gerando as conhecidas variedades Navel, palavra que, em inglês, significa umbigo.


Consequentemente, declara Afrânio Peixoto, “é da laranjeira baiana de Mrs. Tibbets que procedem os laranjais da Califórnia, que hoje dão aos Estados Unidos 100 milhões de dólares, ou seja, metade do orçamento do Brasil.”

Infelizmente a praga que destruiu os laranjais entre 1940 e início dos anos 1950 e a expansão horizontal da cidade foram fundamentais para a transformação do uso do solo no Cabula.

As antigas chácaras foram sendo vendidas ou parceladas. Na década de 1970, a urbanização avança sobre as extensas áreas verdes do bairro, ligadas por vários caminhos chamados de "estradas do Cabula" que permanecem ainda hoje: Ladeira do Cabula, Estrada do Cabula, Largo do Cabula.

De acordo com Geraldo Hasse, (Brasileiro, natural de Cachoeira do Sul, RS, 1947) Jornalista formado em 1968 pela Universidade Católica de Pelotas, foi a larga disseminação e a boa adaptação à terra que acabaram produzindo uma variedade particular de laranja, hoje conhecida e produzida em todo o mundo: a Baía, Baiana ou Umbigo.

Existem registros de que, no Brasil, os colonizadores portugueses iniciaram a plantação de laranjas doces nesse mesmo período, provavelmente na Bahia. Aqui, a laranja adaptou-se tão bem ao clima e ao solo que, espalhando-se território adentro, tornou-se espécie selvagem. Alguns viajantes, inclusive, acreditavam que a laranja era fruta nativa.


O Brasil é o principal produtor mundial de laranja, sendo também a fruta mais produzida no país, com 19,8 milhões de toneladas saídas dos pomares em 2011, e responde por 43,9% do volume total da Fruticultura, uma créscimo na produção em 9,4% em relação a 2010. Desse total, a maior parte, destina-se à produção de sucos concentrados para exportação: mais de 80% dos pomares comerciais de laranjas no Brasil produzem frutas para processamento caseiro e comercial de sucos.

A produção brasileira de laranja desenvolveu-se muito a partir da década de 1960, quando uma geada sem precedentes destruiu grande parte das laranjeiras da Flórida, EUA. Maior consumidor mundial de sucos cítricos, os Estados Unidos passaram a demandar importações, o que impulsionou países como o Brasil a investir nessa cultura. E deu certo!
Fica assim corroborada a asserção de Afrânio Peixoto apontando ser de origem baiana a deliciosa Laranja de Umbigo, que ora enriquece e aromatiza a Califorlândia! 


Bolo de Laranja com Casca 
Ingredientes para bolo: 
1 laranja média 
1/2 xícara de chá de óleo 

3 ovos 
2 xícaras de chá de açúcar 
1 xícara de chá de farinha de trigo 
1 colher de sopa de fermento em pó 
1/2 xícara de leite 
Cobertura: 
2 xícaras de chá de suco de laranja peneirado 
1 colher de sopa de amido de milho Modo de preparo 
Corte a laranja em pedaços pequenos, retire a parte branca do miolo e as sementes aparentes; 
Bata no liquidificador a laranja, o óleo e o açúcar; Em uma vasilha misture a farinha e o fermento; 
Adicione o conteúdo do liquidificador à farinha, mexendo com colher de pau; 
Leve ao forno médio por aproximadamente 25 minutos ou até espetar o garfo e o mesmo sair limpo. 
Cobertura Misture em uma panela o suco de laranja e o amido de milho, mexendo sempre até ferver. Depois despeje sobre o bolo ainda quente.

*Júlio Afrânio Peixoto foi um médico, político, professor, crítico literário, ensaísta, romancista e historiador brasileiro*

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