Pouca gente presta atenção no conforto do assento quando está à mesa de um restaurante. Mas o design pode ser
determinante para que o cliente permaneça no local tempo suficiente para apreciar o menu da entrada à sobremesa, sem esquecer de saborear um vinho. Estar atento a esse comportamento é uma das muitas variáveis que afetam o negócio da Movelaria Paranista, fabricante de mesas e cadeiras para hotéis e restaurantes.
A Paranista tem 23 anos de mercado e há cinco mudou de segmento, trocando a produção de móveis sob medida pelo mobiliário em série que abastece a indústria gastronômica. “Fabricar cadeira é uma encrenca. São muitas peças para montar uma unidade, o que exige a repetição de processos em cada uma delas. Sem contar a pesquisa para garantir durabilidade em condições de uso intensas”, conta o diretor da empresa, Aurélio Sant’Anna.
Equilíbrio entre as técnicas tradicionais e a tecnologia |
As especificidades reduzem também a concorrência, contribuindo para a decisão do empresário de ir na contramão da indústria moveleira, que aposta mais na produção de armários e peças com poucos recortes.
A mudança estratégica foi apoiada pelo resultado de um projeto de inovação de produto conduzido pelo Senai + Design, concluído em 2011.
A empresa participou do Edital de Inovação Senai, em que desenvolveu cerca de 30 projetos. Foi dessa cesta de produtos que saíram as cadeiras Camaleão e Orvalho. A Camaleão permite a troca do encosto por peças que podem ser personalizadas de acordo com a marca do cliente, em técnicas de marchetaria ou impressão na madeira, ambas desenvolvidas pela Paranista. A Orvalho traz um recorte simples no espaldar, em formato de gota, para pendurar a bolsa e dificultar furtos. O design foi premiado no IDEA/Brasil 2012, promovido pela Industrial Designers Society of América (IDSA).
A aposta em pesquisa e desenvolvimento é intrínseca ao modelo de gestão de Sant’Anna. A empresa pequena, com 20 funcionários e produção mensal de mil peças, sempre sob demanda, cultiva a participação de todos na evolução dos processos internos. Ajustes em maquinários, mudanças na furação das peças, montagens mais eficientes são alguns dos exemplos da permanente atenção à linha de produção em que todos participam e colaboram.
“O investimento em inovação é um risco, mas sempre vale a pena. Aprende-se com o desenvolvimento. Para acertar foi preciso errar e aprender antes”, diz.
Sant’Anna calcula que foi investido cerca de 10% do faturamento durante os dois anos de desenvolvimento dos projetos das cadeiras. Hoje, a pesquisa de novos produtos e materiais consome 5% da receita, um índice acima da média até para empresas grandes. O sucesso dos projetos já aponta para a recuperação do investimento.
Em momentos de economia morna, o executivo aplica a inovação também nos modelos de negócio. Além de mapear novos clientes, a exportação é um dos canais que Sant’Anna estuda para ampliar as vendas. Há flertes com clientes no Uruguai e Panamá, mas a Paranista quer estar preparada para quando houver casamento. Para isso, trabalha em produtos e processos que garantam a qualidade em condições adversas, como altas temperaturas e períodos longos de armazenagem e transporte.
Senai + Design dá apoio no desenvolvimento de novos projetos
A decisão de mudar de segmento da Movelaria Paranista foi uma responsabilidade extra no trabalho do escritório do Senai + Design, desenvolvedor do projeto que deu a guinada no negócio. A empresa sobreviveu a um momento de risco importante, quando trocava uma linha pela outra e via o faturamento de um produto despencar enquanto a nova operação ainda não tinha fôlego. “Na administração, é o que chamamos de vale da morte”, lembra Aurélio Sant’Anna, diretor da empresa.
A metodologia de trabalho do escritório que dá suporte a empresas que buscam a inovação pelo design ajudou a minimizar os riscos. Ao longo dos últimos oito anos em que a unidade foi formalizada na FIEP, o Senai + Design já atendeu mais de 50 empresas. A demanda maior é pela readequação gráfica e de marca, uma vez que a inovação de produto exige mais investimento. Em todos os projetos, é feita uma análise criteriosa da empresa, seus recursos produtivos, mercado, concorrência e oportunidades. O objetivo do trabalho é promover o desenvolvimento da indústria, melhorando sua performance.
O escritório pode ser acionado por qualquer empresa. Nas consultorias realizadas por meio de editais, parceiros como o Sebrae e o Senai subsidiam parte do investimento realizado pelo contratante. “O impacto dessas mudanças em processos e produtos são rapidamente observados, na ordem de quatro a cinco vezes o valor do investimento”, comenta o gestor de projetos da unidade, Marcelo Azevedo.
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O Museu da Casa Brasileira realiza, entre 15 de setembro e 8 de novembro de 2015, a exposiçãoTapas: design espanhol para gastronomia, produzida pela Acción Cultural Española (AC/E) com curadoria do designer e arquiteto Juli Capella.
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