terça-feira, 15 de setembro de 2015

Museu Tempostal promove a palestra ''O Índio na Iconografia Brasileira'', realizada pelo Professor Dr. Cláudio Pereira, diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia da UFBA.


Há vários discursos sobre os índios no século XVI: toda uma literatura e uma iconografía de viagens, com desdobramentos morais e filosóficos firma seus cânones ao longo do século;
um corpus legiferante e de reflexão teológica e jurídica elabora, passada a era do escambo, uma ordenação das relações coloniais; paralela à conquista territorial, a conquista espiritual, por sua vez, se expressa sobretudo em um novo gênero, inaugurado pelos jesuítas e destinado a obter grande sucesso: as cartas, que se fazem cada vez mais edificantes. Excepcionalmente, temos o relato de um colono, e no finzinho do século, o olhar curioso da Inquisição na Bahia e em Pernambuco.

Os índios do Brasil são, no século XVI, os do espaço atribuído a Portugal pelo Papa no Tratado de Tordesilhas, ele próprio incerto em seus limites, algo entre a boca do Tocantins a boca do Parnaíba ao norte até São Vicente ao sul, talvez um pouco além se incluirmos a zona contestada dos Carijós. Os índios do rio Amazonas, na época sobretudo um rio "espanhol" , não contribuem propriamente para a formação da imagem dos índios do Brasil. Essa imagem é, fundamentalmente, a dos grupos de língua Tupi e, ancilarmente, Guarani. Como em contraponto, há a figura do Aimoré, Ouetaca, Tapuia, ou seja aqueles a quem os Tupi acusam de barbárie.
Os portugueses, fascinados pelo Oriente, pouco especularam sobre o Novo Mundo. Nem objeto de conhecimento ou reflexão, nem sequer ainda de intensa cobiça, o Brasil passou em grande parte despercebido durante os primeiros cinqüenta anos de seu contato. Camões dedica-lhe quatro magros versos - evocando o pau brasil - no último canto dos Lusíadas (estrófe 1086, v. 138-141), publicados em 1572, e até o espanhol Ercilla falará mais dos brasileiros do que o poeta português. É só na década de 1570 que Gandavo escreve seu Tratado da Terra do Brasil (circa 1570) e sua História da Província de Santa Cruz (1576),' obras provavelmente de incentivo à imigração e a investimentos portugueses, semelhantes às que, bem mais cedo, os ingleses haviam feito para a Virgínia. No prólogo à História da Provncia de Santa Cruz, Gandavo fala do "pouco caso que os portugueszes fizeram sempre da mesma província" e diz que " os estrangeiros a tem noutra estima, e sabem suas particularidades melhor e mais de raiz que nós'(p.76). Todo o interesse, todo o imaginário português se concentra, à época, nas índias, enquanto espanhóis, franceses, holandeses, ingleses, estão fascinados pelo Novo Mundo, cada qual aliás, a partir de regiões específicas: a América dos Espanhóis é antes de tudo o México e o Peru, a dos ingleses, a Flórida, e a dos franceses é sobretudo o Brasil (N.Broc 1984: 159).

Museu Tempostal

Visitação: terça a sexta, das 12 às 18 horas. Sábado e domingo e feriados, das 12 às 17 horas.

End.: Rua Gregório de Matos, 33, Pelourinho, Salvador (BA).

Tel.: (71) 3117-6383.


Data: 22/09/2015
Horário: 15:00
Entrada Gratuita

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