segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Gastronomia lusófona-Muzungué

As grandes navegações marítimas europeias dos séculos XV e XVI, criaram um dialogo com a cozinha Portuguesa um elo entre vários países, além de  um conjunto de identidades culturais existentes em países, regiões, estados ou cidades falantes da língua portuguesa em todo o mundo. 

Dados do portal Ethnologue apontam que o português é a sexta língua mais falada no mundo, com aprox. 290 milhões de falantes, dos quais 80% são brasileiros. Além de Brasil e Portugal, outros países africanos como Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde e Moçambique fazem parte desta grande comunidade.

"A cozinha de um povo é criada em um processo histórico que articula um conjunto de elementos referenciados na tradição, no sentido de criar algo único - particular,singular e reconhecível. Entendendo a identidade social como um processo relacionado a um projeto coletivo que inclui uma constante reconstrução, e não como algo dado e imutável, essas cozinhas estão sujeitas a constantes transformações, a uma contínua recriação. Assim, uma cozinha não pode ser reduzida a um inventário, a um repertório de ingredientes, nem convertida em fórmulas ou combinações de elementos cristalizados no tempo e no espaço." 
Maria Eunice Maciel 


Uma grande variedade de técnicas, insumos e práticas culturais misturadas do colonizador português, do povo brasileiro e do africano. Trata-se, portanto, de uma cozinha bastante rica e complexa, tanto na variedade de ingredientes quanto nas suas preparações.
A partir desta semana, vamos sinalar, alguns destes pratos, começamos como o Muzungué


Chef Elsa Viana


Veja uma entrevista com a Chef Angolana Elsa Viana:
Ser chef em Angola? “Não é fácil, mas vale a pena”

Depois de 20 anos a trabalhar como tradutora e a viajar pelo mundo, Elsa Viana decidiu seguir a sua verdadeira vocação: a culinária. Deixando tudo para trás, mudou-se para Paris onde estudou alta gastronomia na Academia Lenôtre.
Seguiram-se passagens pelos melhores restaurantes da Europa, como o Four Seasons de Milão ou o Eleven, em Lisboa, então detentor de uma estrela Michelin.
A paixão pela culinária e pelas viagens reflete-se na sua “cozinha mestiça”, o estilo característico desta chef: pratos criativos que dão à cozinha tradicional Angolana um toque internacional. Foi no Cajueiro, em Luanda, que os pratos da chef Elsa Viana fizeram as delícias de muitos angolanos.
Hoje, Elsa Viana é Membro da Academia Angolana de Gastronomia, e Embaixadora Gastronômica do programa Welcome to Angola, o mais importante guia turístico do país e dirige a Escola de Hotelaria e Turismo de Cabinda.

Muzungué tradicional prato angolano (sopa de peixe à moda de Benguela – Angola, segundo João Leite Velho) 
para 6 pessoas

INGREDIENTES
- Farinha de pau (farinha de musseque)
- 4 ou 5 tomates bem maduros de tamanho médio, de preferência tomates em cacho pois são os mais saborosos
- 3 a 4 cebolas
- Batata doce
- Mandioca
- Gindungo. Preferivelmente de Cahombo pois estes dão um paladar mais exótico
- Postas de garoupa ou corvina, qb e grossas
- Óleo de palma
- Limões maduros

CONFECÇÃO:
Numa panela grande, colocar os tomates e cebolas cortados aos quartos, uns dois ou três gindungos de Cahombo, àgua a contar com a entrada da batata doce e da mandioca (que só devem fazer a sua entrada no caldo depois da cebola e tomate estarem quase cozidos, afim de que não se tornem puré), óleo de palma de forma a que cubra a superfície da àgua e sal qb.
Deixar cozer um pouco o tomate e a cebola, quando estiverem quase cozidos, juntar então a batata doce e mandioca cortados aos pedaços que não devem ser muito pequenos. Deixar cozer até que a batata doce e mandioca estejam quase cozidas. Deve-se então esmagar o tomate com um garfo, de modo a que soltem bem a polpa. Provar o caldo para verificar se está bom de sal, corrigir se necessário e juntar então as postas de peixe até que este esteja bem cozido.
É importante controlar bem o tempo de cozedura da batata doce e da mandioca, afim de que se mantenham inteiras até que o peixe esteja cozido. Posto isto, retirar a panela do fogo e deixar que o óleo de palma volte todo à superfície do caldo.
Numa taça deitar a farinha de pau e com uma colher retirar da superfície do caldo o excesso de óleo e vertê-lo sobre a farinha de pau e mexer com um garfo até que fique com uma côr amarela mas sem ensopar.
FORMA DE SERVIR
Retirar um dos gindungos do caldo, colocá-lo no prato e espremer um pouco de limão e esmagar o gindungo. Também se pode utilizar gindungo fresco. Retirar um pouco de mandioca, batata doce uma posta de peixe e deitar o caldo por cima.
DEGUSTAÇÃO
Comer e chorar por mais.

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