quinta-feira, 25 de junho de 2015

Ainda é baixo o consumo de Mandioca no Brasil, afirma estudos da Embrapa

 Aumento no consumo da tapioca anima produtores do Sergipe

Tapioca cai no gosto do paulistano e mexe com os negócios no campo. Norte e Nordeste concentram a maior parte da produção no país.

A tapioca, uma delícia típica da região norte e nordeste, também está conquistando o paladar de quem vive no Sul e Sudeste do país e dando novo impulso à produção no campo.

Fécula de mandioca, goma, polvilho, tapioca... Esses são alguns dos muitos nomes dados pra o pozinho precioso, que hidratado e peneirado, ganha forma na chapa quente.
Vai bem com doce, salgado, e pode levar o recheio que o consumidor quiser.  Em São Paulo, já existem casas especializadas no preparo da iguaria, que até pouco tempo atrás só frequentava cardápios do Norte e Nordeste.
“Mês a mês a gente vem notando um crescimento de vendas e um crescimento de consumo da tapioca. Caiu no gosto do paulistano definitivamente”, diz Antonio Raymundo, dono de uma tapiocaria.
Nos supermercados é possível encontrar a goma da mandioca hidratada, pronta para ir pra frigideira. Tanta praticidade fez muita gente trocar o pãozinho pela tapioca no café da manhã.
Esse aumento no consumo já mexeu com os negócios no campo. Na lavoura de mandioca do agricultor José Domingos, no município de Campo do Brito, agreste de Sergipe, a colheita é feita uma vez por semana.
Em plena entressafra, o agricultor está aumentando a produção. Em um hectare de área plantada, ele consegue colher uma tonelada de mandioca por mês, 30% a mais que em 2012.
Foi o clima que deu aos produtores de mandioca de Sergipe, condições para colher o ano inteiro, inclusive na entressafra, que vai de dezembro a março. Nos últimos dois anos choveu com mais regularidade e com intensidade moderada, o que é bom para o desenvolvimento da planta. Além disso, a procura pela raiz também aumentou. “O comércio aumentou muito e aí ficou bom para vender” afirma José dos Santos.
Até pouco tempo, toda a produção que vinha do campo era destinada diretamente à fabricação da farinha. Agora, isso está começando a mudar. A mandioca passa por outro beneficiamento para extrair uma goma, conhecida também como tapioca.
O processo começa com a raiz descascada, depois a mandioca é triturada e vira uma massa. Ela é misturada com água, peneirada e em seguida descansa por cerca de quatro horas.
O produtor José Martins recebe por semana dez toneladas de mandioca. Até pouco tempo ele só fazia farinha e agora resolveu diversificar e hoje faz também a tapioca. “Depois que começamos a fazer a tapioca, a renda melhorou”, diz José Martins, dono da casa de farinha.
No município de Campo de Brito existem 350 casas de farinha e todas fabricam a tapioca. Em uma cooperativa de produtores de tapioca foram contratadas cinco funcionárias para dar conta dos pedidos. Elas entregam a tapioca embalada a vácuo. É tanto serviço que é preciso fazer hora extra.
Nos últimos dois anos, a produção de tapioca em Campo do Brito aumentou de 18 para 30 toneladas ao mês. “Com uma tonelada de mandioca eu consigo fazer de 250 a 260 quilos de farinha e 35 a 40 quilos de tapioca, então eu ganho fazendo os dois produtos ao mesmo tempo”, explica Paulo Conceição, diretor comercial da cooperativa.

Fonte de fibras e isenta de glúten - qualidade que a faz não pesar tanto na digestão -, a raiz carrega versatilidade no
nome, nas condições de plantio e nas formas de preparo. Dependendo da região, é chamada de aipim, macaxeira, maniva, uaipi ou xagala. 
Não há tempo ou terra ruim pra ela. "A mandioca é um camelo vegetal", brinca o engenheiro agrônomo Joselito Motta, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa, fazendo referência ao fato de que a planta cresce em solos pobres e resiste a períodos de seca. Ah, ela ainda é barata: custa em média 2 reais o quilo, 30% a menos que a batata. 

Mandioca X batata  
Por falar na sua rival, a mandioca leva certas vantagens. "Ela possui maior quantidade de vitaminas A, B1, B2 e C", diz a nutricionista Maria Carolina von Atzingen, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Fazendo justiça, porém, precisamos avisar que a abundância em energia traz um efeito colateral: 100 gramas de mandioca têm quase três vezes mais calorias que a mesma porção de batata - são 160 calorias contra 58.

Estudo exploratório acerca do comportamento de consumo de mandioca e derivados no Brasil, com ênfase na Região Norte.


 O segmento de consumo da cadeia agroindustrial da mandioca se caracteriza por unidades que consomem parte da produção (mandioca in natura, farinha, polvilho e fécula comum) dentro das unidades de produção e processamento, com o uso, ainda que restrito, das raízes na alimentação animal. A parte da produção que se destina diretamente ao mercado é consumida nos mais diferentes estratos de renda, sendo a farinha e o amido de mandioca os produtos derivados de maior consumo. Visando conhecer as características de consumo da mandioca e derivados no Brasil, com ênfase na Região Norte, foi realizada pesquisa exploratória, utilizando-se de dados secundários. 
Os dados obtidos indicam que em todas as regiões do país o consumo da mandioca ocorre, predominantemente, em suas formas tradicionais (in natura, farinha e fécula), tanto na alimentação humana quanto animal, ainda que neste último caso haja espaço para melhor aproveitamento dos resíduos e subprodutos. Em termos regionais o Nordeste se destaca como a principal região consumidora de mandioca e derivados para alimentação humana, respondendo por 47% do total consumido no país. A elasticidade da oferta, tanto no curto quanto no longo prazo, indica acentuada inelasticidade; a elasticidade-preço da demanda também indica inelasticidade; a elasticidade-renda da demanda, como era de se esperar, depende dos estratos de renda. Para os níveis de renda mais baixos o produto é considerado um bem de necessidade. Para estratos de renda mais elevados o produto é considerado um bem de consumo inferior.

http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/30851/1/401.pdf

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