terça-feira, 16 de junho de 2015

Conte sua história para o Minha Mãe Fazia:

Toda semana a pagina Minha Mãe Fazia, recebe contribuições lindas de pessoas que percebem na comida, no preparar um prato, uma forma de se conectar com o outro. 
Sendo a cozinha um microcosmo da sociedade e uma fonte inesgotável de saberes históricos, é importante que algumas das suas produções sejam consideradas como patrimônio gustativo da sociedade.  
Por tudo que venham a representar do ponto de vista do original e de criativo, que permitem destacar as identidades locais e regionais, certos pratos podem ser considerados como bens culturais, como lugares de memória, como patrimônio imaterial. 

Uma síntese sobre as cozinhas brasileiras busca explicar influências de culturas alimentares a partir de duas realidades: a autêntica cultura alimentar local e regional, e a cultura alimentar oriunda da civilização externa, influenciadora. Tais contatos e simbioses revelam relações e trocas complexas de diferenças, afirmadas e reafirmadas em fecunda assimilação, que redunda numa certa mestiçagem da comida brasileira. O roteiro de uma viagem pela memória gustativa busca explicar o significado da culinária brasileira, que não se resume aos produtos típicos nacionais. Não custa reafirmar que este universo gastronômico trata de uma culinária complexa e dinâmica, marcada pela adoção de alimentos, técnicas e padrões de consumo que têm como ponto de chegada a expressão dos marcos da diversidade dos hábitos alimentares típicos do Brasil.

A COMIDA COMO LUGAR DE HISTÓRIA:
AS DIMENSÕES DO GOSTO

Carlos Roberto Antunes dos Santos**
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/historia/article/view/25760


Uma das primeiras pessoas que compartilhou comigo sua história foi a professora de história Anna Cristina Figueiredo, que tem guardado, na edícula de casa, o caderno de receitas da bisavó. É uma relíquia, carregada de memórias, que traz não apenas receitas de outro tempo, mas conta também a história da família da Anna. “Ele data de 1907 e pertenceu à Lavínia Bueno Teixeira de Camargo, esposa do político João Teixeira de Camargo, primeiro prefeito da cidade de Assis. Era minha bisavó”, orgulha-se Anna. “É muito legal notar as quantidades absurdas de ingredientes das receitas. Fui fazer uma delas, uma vez, e deu rocambole para um batalhão. É que, antigamente, as famílias eram muito maiores e meu bisavô recebia muitas pessoas, como apadrinhados, correligionários, parentes... Os farináceos estão em libra e quase todas as receitas usavam produtos da terra, como araruta, coco, milho, ovo. Quase nada com chocolate”. Anna Cristina, obrigada por dividir essa relíquia e esse pedacinho da história de todos nós.
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