Do velho Egito, acredita-se que vem a tradição, nas tumbas faraônicas já se encontravam receitas de elixires alcoólicos, aromatizados e açucarados, desenvolvidos por alquimistas para alcançar a imortalidade.
Do século XII ao XV os licores eram utilizados para os mais variados fins. Acreditava-se em suas propriedades medicinais por serem infusões de frutas ou ervas, mas por seu paladar adocicado, também era amplamente utilizado na culinária, na preparação de tortas e doces.
Chamado também de Cordial, os licores são bebidas alcoólicas, adocicadas e aromatizadas por substâncias vegetais, que podem ser frutas, raízes, folhas ou cascas de árvores. No nordeste o consumo de licores durante as festas juninas já é tradição, portanto curta o São João e apreciar essa bebida sem prejudicar o organismo.
Segundo historiadores, a tradição das festas juninas -que antes eram chamadas de joaninas- surgiu na Europa durante o século 14. No Brasil, de acordo com o antropólogo Roberto Albergaria,
os costumes de homenagear os santos do mês de junho foram trazidos pelos portugueses e readaptados com a inserção de valores de negros e indígenas, como o boi-bumbá, a utilização da mandioca para a composição de pratos típicos e algumas danças. A tradição das fogueiras também foi trazida do continente europeu e representava o aviso a Maria do nascimento de João, filho de sua prima Isabel. Os fogos de artifício, por sua vez, representam para alguns o despertar de João. Em Portugal, o uso das bombas e rojões serve para espantar os maus espíritos.
Não menos popular que São João e Santo Antônio, São Pedro é o último a receber as homenagens durante o mês de junho. Homenageado no dia 29, o principal apóstolo de Jesus Cristo é fiel depositário de todas as esperanças de chuva dos nordestinos.
Tradição gastronômica das festas juninas são os licores.
Dizem os especialistas que o mais famoso deles, o de jenipapo, só fica realmente bom depois de passar um
ano enterrado no quintal. Também são muito apreciados os licores de jabuticaba, araçá, umbu, banana, coco e outras frutas. Aspecto um pouco menos preservado da tradição, a degustação de licores mantém-se ainda viva, sobretudo na Bahia.
''LICOR DE JENIPAPO''.
Muito apreciado por brasileiros, principalmente nas regiões norte e nordeste do Brasil, já é internacionalmente conhecida e apreciada por visitantes dos mais diversos países que escolhem esta época para viajar para a região.
O fruto, que dá em uma árvore que atinge facilmente os 20m de altura, tem um aroma intenso e sua polpa é comestível e com ela são feitos compotas, pudins, sucos, vários doces, xaropes e o tradicional ''Licor de Jenipapo''. Ao lado do ''Quentão'', o Licor de Jenipapo é a bebida preferida durante a realização das ''Festa Juninas'', quando os participantes apreciam a bebida após um ano de espera da maturação no processo artesanal que é usado para o preparo e que faz a diferença no sabor desta bebida.
Os licores mais famosos são os preparados no Recôncavo Baiano, porém em todos os povoados e cidades baianas o preparo artesanal é uma prática comum e faz parte da cultura popular.
Neste processo artesanal o licor fica em infusão durante um ano inteiro em tonéis antes de poderem ser engarrafados e consumidos. Daí o fato de uma grande expectativa ser criada em torno da degustação deste licor.
Em Cachoeira, a mais conhecida é a Fábrica de Licor Roque Pinto, que há quase 100 anos faz parte de uma tradição passada de pai para filho. “A produção teve início
com meu avô, mas foi meu pai que aos 18 anos começou a comercializar e divulgar a bebida aqui em Cachoeira, principalmente com os turistas”, revela Roseval Ferreira Pinto, mais conhecido como Rose Pinto, produtor e administrador da fábrica.
Ele explica que trabalhou com o pai, já falecido, desde os 15 anos. Junto com seus 8 irmãos, Rose chega a comercializar 20 mil litros de licor por ano, mas conta que é o período junino que mantém a fábrica lucrativa. “Nós abrimos a loja o ano todo, mas o que nos sustenta mesmo é a venda do São João. É o que nos alimenta no período da entressafra”.
Nos meses que antecedem as festas juninas, Rose aumenta o quadro de funcionários. “Durante maior parte do ano, trabalhamos apenas entre irmãos, mas entre maio e junho contratamos de 10 a 15 pessoas para dar conta da demanda”, explica. Ele conta ainda que produz cerca de 25 sabores, mas no período de festejos seu carro chefe é o licor de jenipapo, tido como o mais tradicional. O litro mais barato sai por R$6 e o mais custoso é o de jabuticaba, vendido por R$10.
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