sábado, 6 de junho de 2015

O Bate&Leva de Hoje foi conversar com a Scheila Bulhões é veja que como boa baiana ela sabe provocar!

Provocação: A cultura da gastronomia, tornou-se tão importante quanto a moda, a sexualidade, a violência. 

A gastronomia é uma necessidade. Não basta só avaliar a condição nutricional do alimento, é necessário saber transforma-lo em arte.


Ela cresceu em Vitória da Conquista, apreciando a culinária mineira, que é bem mais presente na cidade. Tutu de feijão, andú, feijão verde, pão de queijo... Acredita que não exista um Conquistense que não aprecie um pão de queijo quentinho com um bom café. Apaixonada pelo feijão preto e o andú de caldo da sua avó, nosso Bate&Leva voi conversar com a Scheila Bulhões.
Ela é analista de sistemas por formação, e
enófila por paixão. Com o mercado do vinho comecei aprender sobre o néctar de Baco, e consequentemente a gastronomia veio caminhando junto. Sommelierè pela ABS – SP, nível 2 pela WSet – Wine & Spirit Education Trust, professora da Universidade Católica de Enogastronomia e Tópicos Especiais em Gastronomia e coordenadora do curso de Gastronomia da Unijorge.
Apaixonada pela gastronomia e acredita que comer bem é uma obrigação! 
”Fico extremamente chateada quando algo simples é feito com descaso. A gastronomia de raiz é um espelho da sociedade.
Bate&Leva
El.Si pudesse sentar a mesa com Scheila Bulhões, o que lhe preguntaria? 
SB. Como vai o pequeno João Daniel?.... rsrsrsr. Mãe de primeira viagem agora minha busca esta em aprender novas papinhas
gourmets. Afinal, desde cedo trabalhar o paladar faz toda a diferença.
El. Acha que o mercado cresceu e as pessoas estão mais conscientes em termos do que é uma "boa alimentação"? 
SB. Percebo que o momento é da
gastronomia. O prazer do alimento não se resume a degustação. Saber que o alimento esta sendo feito da forma correta, com aproveitamento total dele faz toda a diferença.

EL.Esta contente com os resultados obtidos na universidade de Gastronomia no Brasil, ou quais são os empecilhos mais objetivos, para o melhor aproveitamento da matéria, da parte docente ? 
SB. Infelizmente estamos enfrentando uma crise na educação. A falta de incentivos para os discentes, lê-se Fies, acabou impactando de forma negativa toda a educação.  A entrada de grandes grupos no mercado em busca de resultados também não fica atrás. Se o curso tem apelo da economia e responde com lucro interessante ele permanece, caso não é analisado.
Como docente as justificativas constantes das necessidades em sala devem ser esclarecidas. Por possuir na matriz curricular disciplinas especificas e nem sempre serem de fácil compreensão do coordenador.
O baixo grau de interesse do aluno em disciplinas teóricas acaba interferindo no aprendizado geral. O aluno sempre espera passar 100% do seu curso nos laboratórios de alimento. E nos cursos de graduação de um modo geral, esse tempo é uma média de 60%.

EL.Na Bahia, precisamente no Recôncavo, temos um patrimônio que são os "Fumeiros", uma técnica que vem sendo desenvolvida ali, há séculos, mas seguem proibidos pela saúde publica e a policia do estado. Acha que o estado deve promover a inserção deste patrimônio, ou simplesmente punir levando a extinção deste bem gastronômico?
SB. Permitir que os Fumeiros sumam é apagar parte da estória da gastronomia. Precisam ser elaborados projetos para o resgate de temas dentro da gastronomia que estão sendo perdidos no tempo. Exemplo disso é o Abafa Banca! Quem não amenizou o calor com os cubos de suco de frutas.  
Projeto em parceria com os chefes da região com o intuito de promover tal insumo acaba funcionando muito bem também.
EL.Como fazer para conscientizar as pessoas da importância dos Orgânicos? 
SB.Criar incentivo para horta orgânica com redução de taxas, fazendo com que o produto seja acessível a uma fatia maior de consumidores.Mostrando que cuidar do corpo significa ter qualidade de vida. E isso esta diretamente ligada ao que se ingere.
EL.Acha que ainda somos gastronomicamente falando colonizados, ou melhor já estamos seguros que a nossa culinária é fruto das nossa historia, ou tudo isso é uma tendência?
SB. Muitos ainda não têm essa visão do todo. Acredito que estejamos caminhando para isso.
EL.As preferência alimentares são uma das principais bases das identidades culturais, como vê este momento, onde muitos do nossos famosos Chef volta-se a valorizar e prestigiar pratos e produtos locais?
SB. Essa postura faz toda a diferença. A valorização do insumo local ajuda a movimentar a cadeia produtiva do lugar. Insumos locais com preços melhores sendo ofertados dentro da sua sazonalidade significam melhores produtos e preços mais acessíveis.
EL.Como vê a participação das mulheres na gastronomia hoje, ou segue sendo um território o masculino?
SB.Muitas enveredam nessa arte, mas confesso é um trabalho muito árduo para a mulher suportar.  Acredito que por essa razão estamos mais na outra ponta: o controle.  Falo para meus alunos que não adianta saber fazer se não souber comprar e vender.
EL.Sempre achei que numa cidade como Salvador, com uma cultura gastronômica tão completas( uma das 3 mais importantes do pais) deveria fazer um trabalho interdissiplinar com outras matérias de humanas, que acha disso?
SB. Sinto que algumas Instituições buscam isso, mas nem sempre o aluno se interessa pela história, a maioria ainda não tem conhecimento da vastidão que é o mundo da gastronomia e toda sua influencia na sociedade.
EL.Que te faz brilhar os olhos com seu trabalho?
SB. A valorização do profissional de gastronomia e demais funções interligadas para seu desenvolvimento.

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