Gregório de Matos e Guerra nasceu da Bahia em 20 de
dezembro de 1633 (ou 36).
Terceiro filho de um fidalgo
português, dono de dois engenhos no Recôncavo
baiano e de 130 escravos.
O irmão mais velho de
Gregório, Pedro, foi expulso da Companhia de Jesus
por escândalos amorosos e virou o feitor das fazendas
do pai. Outro irmão,, Eusébio de Matos, padre, foi
expulso também da ordem jesuítica – ele era admirado
pelo padre Antônio Vieira como orador.
Gregório formou-se
em Direito na Universidade de
Coimbra, foi juiz em Lisboa, ficou amigo do rei Pedro II e
começou na poesia imitando os versos de Camões –
século XVI, e depois, parodiando (ou plagiando)os
versos barroco dos espanhóis Quevedo e Gôngora.
Casou-se em Portugal e enviuvou. Retornou ao Brasil
em 1681 a convite do Bispo da Bahia e foi nomeado
vigário geral e tesoureiro-mor da diocese. Por causa de
desavenças, invejas e jogo político, o bispo o desligou
do cargo eclesiástico. Casou-se com a bela Maria dos
Povos, vendeu sua herança e torrou o dinheiro.
OS TUPINISMOS COMO FORMA DE SÁTIRA EM GREGÓRIO DE MATTOS E GUERRA
Por Ruy Magalhães de Araujo (UERJ)A veia satírica de Gregório de Mattos e Guerra não se fez pulsar apenas através da linguagem peculiar ao barroco literário. Também se fez sentir pelo emprego de palavras originárias do tupi, com as quais o bardo baiano assacou ataques e críticas mordazes a todo um sistema político, soci-al, econômico, jurídico, religioso, ideológico, que formava o Brasil-Colônia do século XVII.
Gregório de Mattos usou a poesia como açoite e fustigou o desmando dos reinóis, a homossexualidade dos governadores, a sodomia dos padres, a fornicação das freiras, a violência dos militares, a falsa nobreza, a burguesia pretensiosa, os comerciantes desonestos, os exploradores da credulidade pública, os que escravizavam os indefesos, a perversidade dos poderosos contra índios e negros.
As palavras tupis foram igualmente usadas por causa de seus riquíssimos recursos fônicos. E isto serviu para que o poeta realizasse efeitos lúdicos extravagantes com requintado humor em nível de rimas ou lançando mão de efeitos rítmicos dos próprios poemas.
O que se irá seguir constitui um pequeno acervo de vocábulos tupis extraídos de fragmentos dessas poesias, vocábulos esses que serviram de referência ao lexicógrafo Antônio de Morais Silva, quando nos deu a lume a sua monumental obra: Dicionário da Língua Portuguesa, de acordo com Araripe Jr: Gregório de Matos, in: Obra Crítica. Rio de Janeiro: MEC/FCRB, 1960, vol. II, p. 476.
Como base, seguiremos as obras de James Amado: Gregório de Matos. Obra Poética. Rio de Janeiro: Record, 2 volumes, 1990, e José Miguel Wisnik: Poemas Escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Cultrix, 1975.
Carimá
[Do tupi kari’mã, ‘farinha de mandioca seca e fina’.] S. f. e m. Bras. O mesmo que carimã. (...) bolo feito de mandioca–doce, i. e., posta de mo-lho, utilizada para mingau. (JMW. Op. cit. P. 100). Adj. 2g. Diz–se do bovino de pelos brancos e alaranjados. No texto, usado satiricamente com relação à pseunobreza da Bahia, que se dizia branca.
A linha feminina é Carimá
(JMW, Op. cit., p. 100)
Bolo de Carimã
Ingredientes
Massa
Farinha de trigo para polvilhar a forma
Manteiga para untar a forma
2 vidros de leite de coco (de 200ml cada)
12 gemas peneiradas
1 pitada de sal
5 xícara(s) de chá de (Carimã)massa de mandioca lavada e peneirada (úmida)
Modo de preparo:
Massa
Misture a massa de mandioca com as gemas batidas e acrescente o sal. Junte mistura de calda e manteiga à massa de mandioca.
Acrescente o leite de coco e mexa com um espátula até obter uma massa homogênea. Transfira para uma forma untada e enfarinhada. Leve ao forno preaquecido para assar até que se coloque o palito e este saia limpo
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