Só que esta forma plural, em português, curiosamente passou a designar uma unidade – a fruta.
Nossos índios não davam muita importância às que tinham por aqui: abacaxi, banana, caju, goiaba, graviola, mangaba, pinha, sapoti. “Frutas da terra, de sotaque forte e impossível de traduzir”, segundo o escritor
Mário Hélio.
Eram então, nessa terra, apenas alimento de brincadeira. Ou base para bebidas fermentadas. O mesmo se dava com os europeus, que preferiam sempre outros alimentos. Só depois, bem lentamente, começaram a fazer parte dos hábitos alimentares de toda gente. Com as grandes navegações, a partir do séc. XVI, vieram à Península Ibérica frutas da África, China e Índia, logo espalhadas por todo o grande império português – Angola, Brasil, Cabo Verde, Goa, Macau, Moçambique, Timor Leste.
Assim conhecemos carambola, coco, figo, jaca, jambo, laranja, limão, maçã, manga, melão, melancia, romã, uva. Frutas que “transplantadas nos trópicos frutificam em maior abundância e gosto”, como observou frei Antônio do Rosário, em 1702. E que “se tornaram logo nacionais na preferência popular”, segundo Câmara Cascudo.


Em comum, neste último grupo de frutas, o fato de não serem servidas junto às refeições. Nem decorar fruteiras da sala de jantar. Permanecem assim, até hoje, como se relegadas a um segundo plano: araçá, buriti, cruá, guajiru, ingá, jabuticaba, oiti, pitanga, pitomba.
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