segunda-feira, 27 de abril de 2015

Mulheres que fazem à diferença no campo

O município de Piatã, na Chapada Diamantina tornou-se um polo de desenvolvimento, quando falamos em Café, sustentabilidade e produtos Orgânicos.

Muito deste trabalho invisível, tem por traz, mulheres lutadoras e que acreditam, que todos os processos podem ser alterados.
O Café inseriu mulheres no setor, onde estão à frente de fazendas, inovando, apostando em descobertas e na pesquisa. Quase sempre, transformam locais por onde passam.

O Loko, convidou a Brigida Salgado para um Bate&Leva, onde ela democraticamente expõe todas as dificuldades do campo, mas toda a alegria de poder ser agente transformadora de muitas realidades.

 A Brigida é produtora de Café Arábica com manejo Orgânico e agroecológico, formada em biblioteconomia, com especialização em Agricultura Biodinâmica pela universidade de Uberaba, uma aprendiz da natureza-trabalhando com agricultura agroecológica no ramo da Cafeicultura.
Apesar de conhecer muito pouco o universo gastronômico dos Chefs, seu irmão Davi Salgado, é um excelente cozinheiro.



"Certa vez tive oportunidade de estar numa feira internacional de produtos orgânicos na Alemanha, com a Chef  Flávia Quaresma e fiquei admirada de como ela buscava alimentos genuinamente brasileiros para preparar os pratos."
Somos velhos amigos e ela me conta,que reencontrar-me como El Cocinero Loko foi uma surpresa enorme e que gosto muito do meu jeito de ver e trabalhar com a gastronomia.

E da minha parte, foi com um imenso prazer entrevistar esta mulher dinâmica, que me mostra que podemos muito mais. 

Bate&Leva

<Si pudesse sentar a mesa com Brigida Salgado, O que lhe preguntaria?
R. O que temos hoje para o jantar? Que tal finalizar esse jantar com um  café de qualidade!

<Acha que o mercado cresceu e as pessoas estão mais conscientes em termos do que é uma "boa alimentação"?
R. Sim, as preocupações com a saúde e com o meio ambiente tem trazido mais consciência sobre a alimentação mais saudável. 

<Infelizmente o Brasil é um dos países que mais consomem agrotóxicos no mundo, cerca de média anual de litros consumido por habitante esta em 5,5 litros, Como podemos reverter esta cultura?
R. Sou supeitíssima para falar desse assunto. Mas sem dúvida o caminho é a agricultura orgânica e agroecológica. Especialmente para os agricultores familiares que são que leva o alimento até a mesa do consumidor.

<O governo tem apoiado os pequenos produtores café na Bahia?? por exemplo, o governo do RGS tem apoiado a produção de grãos em assentamentos, e distribuído arroz orgânico nas escolas?
R. O governo federal sim, tem incentivado com programas como o PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar e o PAA – Programa de Aquisição de Alimentos, mas na Bahia e com relação ao Café ainda sentimos falta de incentivos, de projetos apoiadores e sobretudo de assistência técnica. Falta também crédito para os produtores. Embora existam até algumas linhas de crédito como ABC – Agricultura de Baixo Carbono, os bancos são extremamente burocráticos dificultando o acesso ao crédito.
  

<Como fazer para conscientizar as pessoas da importância dos Orgânicos?
R. Muita propaganda da promoção da saúde; Encontros e Seminários onde produtores e público consumidor pudessem discutir a questão. E sem dúvida o papel dos Chefes de Cozinha em divulgar através de suas ações usando esses produtos. Essas são formas de levar a informação a população de modo geral.


<Acha que ainda somos gastronomicamente falando colonizados, ou melhor já estamos seguros que a nossa culinária é fruto das nossa historia, ou tudo isso é uma tendencia? 
R. Penso que ainda somos colonizados – especialmente os consumidores que acham chic tomar um vinho assim ou assado, mas não sabem pedir ainda um bom café, por exemplo! Promovem jantares, almoços sofisticados e terminam com um cafezinho doce e sem aroma.
No caso do café, penso inclusive que precisamos educar o paladar dos brasileiros para um bom café. Os barristas tem essa função, mas ainda é um universo muito pequeno.

<Esta satisfeita com o crescimento e a busca por um café de melhor qualidade, ou ainda falta muito nesta estrada?
R. Estamos no início da caminhada. Como disse anteriormente é preciso educar o paladar. Temos hoje muitas cafeterias, mas os cafés em algumas, deixa muito a desejar. A qualidade do café passa por um processo longo desde a colheita, pós-colheita, separação dos grãos, uma boa
torrefação (isto é uma ciência), moagem e preparo. Pode ser inclusive o café coado, mas precisa de um bom preparo,  inclusive a temperatura da água.

<Como vê a participação das mulheres no campo, lutando por melhoria de qualidade dos produtos hoje, ou segue sendo um território o masculino?
R. Na cafeicultura começa a ter um fenômeno muito interessante, muitas mulheres estão assumindo as lavouras herdadas de seus pais e/ou maridos por uma questão de sucessão. E essas mulheres estão  se juntando no mundo todo para aprender  a principalmente negociar seus cafés.
Foi criada em 2003 a Internacional Women’s Coffee Alliance – IWCA”, uma aliança internacional das mulheres do café, com subcapítulos nos diversos países produtores. O subcapítulo brasileiro foi criado em 2012 com o objetivo de congregar todas as mulheres da cadeia produtiva do café. De produtoras a barristas, passando pelas torrefadoras. Incentivando a qualidade da bebida do grão à xícara.
É uma iniciativa muito interessante pois com essa aliança hoje as mulheres já tem um assento como observadoras nas reuniões da  OIC – Organização Internacional do Café –
buscando políticas internacionais de preços e valorização dos cafés de modo geral, e dando visibilidade ao trabalho das mulheres de modo particular.
<Que  te faz brilhar os olhos com seu trabalho?
R. Muitas coisas trazem mais brilho aos meus olhos nesta atividade, mas especialmente saber que estou contribuindo para um planeta mais limpo e saudável é sem dúvida minha maior emoção.

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