domingo, 12 de abril de 2015

Projeto relaciona contação de histórias e culinária regional do PA

Tainá Marajoara mostrará receitas e falará de mitos amazônicos.Projeto relaciona costumes gastronômicos e espiritualidade no Pará.

                 
Tucumã, fruto típico da região amazônica
A palavra griot é de origem africana e significa contador de histórias. É a forma que os anciões transmitem suas histórias para os mais jovens e como mantêm o conhecimento de seus antepassados através da oralidade.

A pesquisadora Tainá Marajoara revelará receitas, seus usos, mitos, relações simbólicas e identitárias do povo tradicional marajoara, numa homenagem aos contadores de histórias tradicionais e à cultura alimentar local. Serão duas sessões às 10h30 e às16h, no próximo domingo (12), no Centro Cultural do Carmo, dentro do Projeto Circular Campina - Cidade Velha, em Belém.
“Eu sempre fui muito inconformada com essa europeização, essa espetacularização da cozinha paraense que desconsidera nossa ancestralidade. O paraense se reconhece como papa-xibe. Nosso alimento é nossa identidade em um sistema cultural de ritos, pertencimento,  territorialidade e conhecimento”, defende a pesquisadora.
Suas memórias da infância na casa da avó assemelham-se a de muitos paraenses, guardando além de lendas e mitos, a própria narrativa oral repassada por muitos conhecidos e familiares.
“A gente se conta e fica contando essas histórias, como as do meu pai e primos que fizeram armadilhas para ‘a mulher que vira porca’… É o prazer de contar que mantém essa cultura tão próxima e tão presente”, diverte-se e lembra que “sempre ao final, as pessoas me procuram para ficar conversando sobre suas próprias histórias”.
Para a contação de domingo, no Centro Cultural do Carmo, Tainá levará três encantarias: O Homem que Vira Cavalo (e sua relação com as frutas); Quem Dera – o vaqueiro encantado (produtos bubalimos e o queijo do Marajó); e, a mais famosa delas, Receita de Porco - A Mulher que vira Porca (e o seu alimento, o beiju).
Sobre a veracidade das histórias Tainá revela: “São relações espiritualizadas, não existe mentira ou verdade”.

A pesquisa Receita de Porco a Mulher que Vira Porca e seus desdobramentos, virou o Projeto “Cata - Cultura Alimentar Tradicional Amazônica”,  que realiza a cartografia do alimento em seu contexto cultural com o objetivo de promover políticas públicas.
Ele também foi base de argumento para o alcance de direitos civis, defesa da biodiversidade e para o reconhecimento oficial da comida como Cultura no Brasil. Estas ações que contribuíram para a formação do Setorial de Cultura Alimentar no Ministério da Cultura.
O projeto Cata também foi convidado a participar da Cúpula Mundial de Cultura e Arte - IFACCA /ONU - em 2014, por ser reconhecido como inovador em suas propostas para o desenvolvimento sustentável a partir da cultura. Neste encontro, Tainá Marajoara foi a única representante da sociedade civil brasileira.
Serviço
Projeto Circular Campina-Cidade Velha, neste domingo, 12, de 10h30 e 18h, no Centro Cultural do Carmo - Praça do Carmo 40/48.

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