sexta-feira, 15 de maio de 2015

IPAC atende demanda histórica ao possibilitar novo espaço para Alaíde do Feijão


O IPAC (Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia), com o apoio institucional da CCPI (Centro de Culturas Populares e Identitárias); na figura da professora Arany Santana, está viabilizando, em conjunto com a Secult (Secretaria de Cultura do Estado da Bahia), o reconhecimento do Restaurante Alaíde do Feijão, que hoje funciona na Ladeira do Cine Pax, no Pelourinho, como espaço cultural.
Além do reconhecimento institucional, a medida visa disponibilizar um novo espaço para a instalação do restaurante conhecido nacional e internacionalmente pelo saboroso cardápio. A proposta das novas instalações tem como objetivo de proporcionar maior conforto à vasta clientela da quituteira e maior infraestrutura para a realização das manifestações culturais pelas quais o espaço se tornou famoso.
“O objetivo é aplicar à Alaíde, um modelo piloto, para direcionar as novas ocupações do parque imobiliário sob a responsabilidade e propriedade do IPAC”, afirmou o arquiteto João Carlos, diretor geral do IPAC. ”O objetivo é incentivar junto ao Ministério da Cultura que estas atividades sejam promovidas a pontos de cultura, permitindo sustentabilidade e continuidade de atividades que promovam a ocupação permanente do nosso parque imobiliário”, explicou.
 Segundo proprietária do restaurante, a busca pelo reconhecimento do local como espaço cultural é uma luta histórica. ”Há muito tempo, tenho lutado por esse reconhecimento, pois o meu restaurante é frequentado por personalidades e formadores de opinião, mas hoje já não tem a estrutura adequada, não temos tanta segurança”, reivindicou Alaíde, enquanto mostrava na parede, fotografias que tirou ao lado de figuras como, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva; a cantora Margareth Menezes e o cantor Péricles.
 ”Não podemos deixar de reconhecer o Restaurante de Alaíde, que é sem dúvidas um dos espaços de maior relevância cultural para o Centro Histórico, não só pelos tradicionais quitutes quanto por todos os eventos que o espaço abriga”, afirmou o Secretário de Cultura Jorge Portugal, que conheceu o restaurante em meados da década de 1990 e, desde então, se tornou um frequentador assíduo. “Sou natural de Santo Amaro, por tanto, um emérito comedor de maniçoba, mas não vivo sem o feijão, e o de Alaíde é sem dúvida um dos melhores que já experimentei”, relatou.

TradiçãoO ofício da produção de quitutes foi herdado a Alaíde da Conceição,66, (popularmente conhecida como Alaíde do Feijão) ainda durante a adolescência, através da sua mãe que possuía uma banca na região da Praça Cayru, no bairro do Comércio, desde a década de 1960. A banca funcionava das 18h às 6h, e durante a noite dezenas de soteropolitanos e turistas passavam pelo local para experimentar as iguarias, dentre as quais, o feijão se destacava. “Muitos estudantes, políticos e jornalistas passavam por lá, lembro bem do repórter policial, Alberto Miranda e do deputado Osório Villas Boas”, relatou Alaíde.
 Com a aposentadoria da mãe, Alaíde tomou para si a responsabilidade de manter viva a tradição dos quitutes. e seguiu fazendo sucesso com a fórmula do tempero ensinada pela matriarca da família. Em 1993 a quituteira abriu seu primeiro restaurante no Pelourinho, e ampliou o cardápio, que passou a ter uma maior variedade de opções. Além do menu, fama de Alaíde também cresceu e chegou a diversas partes do país e até do exterior.
 ”A fama da comida e o meu histórico de participação na vida cultural aqui da cidade fizeram com que as pessoas frequentassem cada vez mais o restaurante”, afirmou Alaíde, mostrando as placas de homenagens recebidas de tradicionais blocos Afros e instituições públicas como a Prefeitura de Salvador e a Fundação Cultural Palmares, além dos recortes de matérias de destaque em revistas e jornais.

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